Tudo o que o CTT não conseguiu entregar foi hoje leiloado

A curiosidade e a possibilidade de arranjar pechinchas levaram hoje mais de meia centena de pessoas ao leilão de refugos postais dos CTT, em Lisboa, onde foi possível comprar desde manequins a roupa e telemóveis.

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Lusa
28/10/2015 17:25 ‧ 28/10/2015 por Lusa

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Leilão

Um dos licitantes saiu do depósito do refugo postal dos CTT, no Campo Grande, com umas pernas femininas de manequim de montra, em fibra acrílica, que colocou com cuidado na bagageira do carro. Voltou a entrar, e desta vez saiu com o tronco e a cabeça, que colocou com o mesmo cuidado no carro.

"Custou-me 10 euros mais IVA", disse à Lusa, explicando que a comprou "porque a achou engraçada, enquanto caminhava, desta vez com os braços da boneca de tamanho real, debaixo do braço.

No leilão dos CTT foram arrematados um frigorífico e uma arca congeladora, um sofá, colchões, fraldas de incontinência, telemóveis, roupa, sapatos, máquinas diversas - desde as que cortam batatas aos palitos até secadores de mãos ou para fazer filhoses - e um rolo de mangueira para gás, "com validade até 2018", como anunciou o leiloeiro.

Dos itens a leilão só ninguém quis a prancha de 'bodyboard', apesar do preço base ser de 5 euros, nem as sandálias de senhora números 35 e 37.

Os leilões dos CTT são organizados três vezes por ano -- nas últimas quartas-feiras de janeiro, abril e outubro - com as encomendas que as pessoas enviam mas nunca chegam ao destinatário, depois de os CTT encetarem todos os esforços possíveis e decorrido o tempo legal.

Malas de viagem com o preço base de 10 euros valeram de 27 a 55 euros, um frigorífico custou menos de 100 euros, um sistema de 'karaoke' chegou aos 65 e lotes multicolores de linhas de crochet chegaram aos 10 euros.

Jorge Rebelo, habitual cliente destes leilões, veio por curiosidade e, a meio da manhã, ainda não tinha arrematado nada.

"Hoje está mais gente do que o habitual. Estava interessado em material de desporto e ainda não houve nada que me tivesse enchido as medidas", disse.

Filipe Oliveira licitou um suporte por 7 euros, que ainda não sabe para o que serve, mas espera que dê para a máquina de filmar.

"Seja o que for, é muito mais barato do que comprado aí fora. Também estou sobretudo interessado em material eletrónico, mas como não há muita oferta, subiu muito o preço e ainda não fiquei com mais nada", afirmou.

Outros participantes do evento disseram à Lusa que estão especialmente interessados no refugo eletrónico e informático, e sobretudo nos telemóveis.

"Acontece que, muitas vezes, vêm em lotes, embalados em sacos e podemos ver, mas só por fora. Não sabemos o que realmente está lá dentro", disse Filipe Oliveira.

Enquanto o leiloeiro fazia desfilar os lotes, ao som de "quem dá mais", havia um levantar quase coletivo das cadeiras para ver as ofertas de perto, enquanto muitos descreviam o produto ao telefone e perguntavam "se sim ou não" ao interlocutor. Alguns levantavam a mão e o preço subia. Outros recebiam do outro lado da linha um sinal de que não valeria a pena.

Um dos participantes foi ao evento com amigos e disse à Lusa que já comprou pechinchas nestes leilões, mas também já "levou banhadas".

"Comprei uma vez um lote de malas e depois encontrei as mesmas malas aí fora [a um preço] 'ela por ela'. Mas como tive de pagar o IVA, ainda me ficaram mais caras", salientou.

Além destas encomendas postais, também há cartas que não foi possível aos CTT entregar e que, de acordo com fonte dos Correios, são destruídas, após um período legal.

No entanto, à entrada da sala do leilão, numa vitrina, era possível encontrar algumas missivas originais: uns óculos com selo numa lente e morada do destinatário na outra, peças de 'lingerie' com mensagens, saquinhos com conchas e areia de praia, um seixo escrito em letra miudinha ou cartas escritas em colheres de pau, que até têm selo, mas nunca chegaram ao destino.

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