Câmara de Lisboa quer instalar rede de água reutilizada
A Câmara de Lisboa quer instalar uma rede de distribuição de água reutilizada para rega dos espaços verdes e lavagem de ruas, através de fundos comunitários do Portugal 2020, disse hoje o vereador da Estrutura Verde e Energia.
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País Fundos comunitários
Em declarações à agência Lusa, após a apresentação da Matriz da Água 2014, em Lisboa, o vereador José Sá Fernandes afirmou ser necessário "fechar o ciclo da água", em que "a água que vem, por exemplo do esgoto, é tratada na ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais], não vai para o [rio] Tejo, e é reintroduzida para o lavar de ruas e para jardins".
"É uma vantagem ambiental absolutamente extraordinária", considerou.
Para conseguir instalar o sistema de canalização necessário para uma rede de água reutilizada, a Câmara de Lisboa vai apresentar uma candidatura aos fundos comunitários do programa Portugal 2020.
"Precisamos de uma candidatura para que o investimento seja reduzido, [...] conseguirmos ter dinheiro para haver uma infraestrutura à parte para que a água reutilizada tenha o seu cano próprio", esclareceu o vereador da Estrutura Verde e Energia.
Segundo o presidente do conselho executivo da SIMTEJO - Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão, Carlos Martins, existe "um grande potencial" na reutilização da água, nomeadamente para "usos industriais, aquecimento, arrefecimento, sistemas industriais que não precisam de água potável".
Em relação às conclusões apresentadas na Matriz da Água 2014 sobre o desempenho do concelho de Lisboa em relação à água, José Sá Fernandes considerou os resultados "absolutamente extraordinários".
"Menos consumo, mais eficiência, mais água reutilizada, menos perdas quer na água que vem para o consumo doméstico, quer no uso para lavagens de ruas e de jardins", destacou o vereador.
De acordo com o documento da Matriz da Água 2014, o consumo de água em Lisboa tem diminuído desde 2004 devido à "maior sensibilização" para o uso eficiente e, também, pela existência de um menor número de residentes.
Entre as conclusões do documento destacam-se os resultados positivos da "sensibilização de operadores e consumidores", a par da constatação de que o volume [de água] "realmente perdido teve uma redução muito significativa" graças a um sistema implementado pela Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL).
"Assim, o volume de água realmente perdido teve uma redução de cerca 75%, passando de 19,5 [de metros cúbicos] em 2004 para 5,2 milhões de m3 em 2014", lê-se no documento.
Para o presidente do conselho de administração da EPAL, José Sardinha, o trabalho da EPAL tem consistido numa "aposta significativa no aumento da eficiência da gestão da rede para atingir os 8%" de perdas de água em 2014, "quando a média nacional anda nos 40%".
Da análise dos dados conclui-se, também, que a "capitação doméstica sofreu uma redução" e que o consumo pela Câmara de Lisboa baixou, nomeadamente com investimentos na poupança em espaços verdes, que incluiu a modernização de sistemas de rega no Parque Eduardo VII e jardim do Campo Grande.
Acerca de águas residuais, a "quase totalidade da água é tratada antes de ser descarregada no meio ambiente, sendo a (...) não intercetada muito reduzida".
O volume de águas residuais tratadas em Lisboa no ano passado foi cerca de 93,4 milhões de m3, sendo 71 milhões de m3 produzidas no concelho de Lisboa e 22,4 milhões de m3 proveniente de outros concelhos.
Em 2004 foi publicada a 1.ª Matriz da Água para a cidade de Lisboa, a qual apresentava o balanço de todas as entradas e saídas de água no concelho nesse ano.
A edição de 2014 foi promovida pela Lisboa E-Nova -- Agência Municipal e Energia-Ambiente de Lisboa, com a colaboração da Câmara de Lisboa, Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) e SIMTEJO - Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão.
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