Cardiologista moçambicana condecorada por Portugal

A cardiologista moçambicana Beatriz Ferreira, fundadora do Instituto do Coração (Icor) em Maputo, recebeu hoje na capital moçambicana a Ordem da Liberdade atribuída pelo Estado português.

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Lusa
05/11/2014 21:28 ‧ 05/11/2014 por Lusa

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Beatriz Ferreira

A cardiologista fundadora da única instituição que realiza cirurgias de coração aberto em Moçambique agradeceu a distinção atribuída pelo Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, a 10 de junho, mas avisou que o trabalho não acaba aqui.

"Esperamos poder continuar a contar com o apoio de todos aqueles que estiveram connosco até aqui e também com novos amigos, pois todos os dias mais crianças acorrem ao Icor - a tarefa é imensa", disse Beatriz Ferreira perante destacadas personalidades moçambicanas, como a primeira-dama, Maria da Luz Guebuza, os ministros da Saúde e dos Negócios Estrangeiros e os presidentes do Conselho Constitucional e do município de Maputo.

Desde a sua fundação em 2001, o Icor realizou 1.200 operações de coração aberto, das quais 90% foram oferecidas aos utentes. Cada cirurgia custa em média 15 mil dólares (11 mil euros), segundo dados fornecidos pela cardiologista em junho passado, após ter tido conhecimento da condecoração.

Na gala de hoje, conduzida pelo apresentador moçambicano Celso Domingues e pela portuguesa Catarina Furtado, e que será difundida pela RTP e pela maior televisão privada de Moçambique, STV, a fundadora do Icor recordou as crianças cardíacas "condenadas a morrer cedo demais por não existirem condições para o seu tratamento", quando "em nenhuma outra latitude se morria pelos mesmos motivos".

"Ainda hoje quando uma criança tratada sai do Icor sorrindo, pergunto que condições alimentares, de escola e que oportunidades irá ter na vida, vinda de um meio tão desfavorecido e mais frágil do que as outras", declarou.

Antes de impor as insígnias à condecorada, o embaixador de Portugal em Maputo considerou que "Beatriz Ferreira e sua equipa têm-se dedicado de forma abnegada e eficaz a salvar centenas de crianças moçambicanas com graves patologias cardiopáticas, oriundas dos meios mais desfavorecidos".

"Esta atuação vai para além da ajuda para salvar uma vida, já que são de certa forma serviços relevantes prestados em prol da dignificação da pessoa humana e por essa via da defesa dos valores da civilização", disse José Augusto Duarte.

"É um trabalho que nos comoveu em Portugal e por isso aqui o queremos louvar", acrescentou.

Maria da Luz Guebuza destacou por seu lado "a coragem e tenacidade" de Beatriz Ferreira para salvar vidas e sobretudo entre os mais necessitados, mas também a oportunidade aberta pelo Icor de formação de quadros, "base fundamental para Moçambique se assumir como sociedade de inovação e conhecimento".

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Manguela, o Icor "é uma instituição de referência que soube encontrar resposta e capacidade de adaptação às profundas transformações e necessidades, tornando-se num exemplo de modernidade, eficiência e visão".

Nascida em Maputo há 60 anos, Beatriz Ferreira formou-se na Universidade de Lourenço Marques, posteriormente Universidade Eduardo Mondlane, e seguiu a especialidade de cardiologia em Maputo e em Paris.

Em 2001 fundou o Icor numa antiga enfermaria do Hospital Militar em Maputo, com os apoios da cooperação portuguesa, dos governos de Moçambique e da França, organizações não-governamentais, profissionais de saúde e empresas moçambicana, e atualmente a instituição consegue garantir a quase totalidade do seu financiamento.

Beatriz Ferreira foi a 26.ª personalidade moçambicana condecorada pelo Estado português.

Posteriormente e já esta semana, foi anunciado pela embaixada de Portugal em Maputo a condecoração do Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, com o grau mais alto da Ordem do Infante D. Henrique, à semelhança dos seus antecessores, Samora Machel e Joaquim Chissano.

No ano passado, Cavaco Silva distinguiu os escritores moçambicanos Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa

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