Dezenas de pessoas manifestaram-se este sábado, na Praça do Comércio, em Lisboa, em solidariedade com os americanos nos Estados Unidos, no dia em que ocorre mais um protesto 'No Kings' ('Sem Reis', em português) contra o presidente Donald Trump.
O protesto foi organizado pelo AMPT UP - Americanos em Portugal Unidos em Protesto e começou pelas 15h00. Dezenas de pessoas empunhavam cartazes e gritavam em coro: "No kings, no crowns" (Nem reis, nem coroas, numa tradução livre).
Uma das cidadãs presentes na manifestação exibe um cartaz rodeado de cinco cravos vermelhos, onde se lê "America needs what Portugal knows - Fight for true liberation" (A América precisa o que Portugal sabe - Lutar pela verdadeira libertação).
"Stand up, fight back when fascists attack" (Levanta-te, luta quando os fascistas atacam) é outro dos gritos ouvidos pelos populares, ao mesmo tempo que alguns oradores pediam voluntários para discursar.
"Estamos aqui para nos solidarizarmos com os cidadãos norte-americanos que discordam da política de Trump, apesar de haver quem nos considere terroristas", disse uma das oradoras.
Gerry Walkney, de 71 anos, deslocou-se de Setúbal onde reside há quase dois anos, por ser um "democrata assumido" e considerar necessário uma "grande união de norte-americanos" para destronarem o atual Presidente que "é péssimo no cargo e só tem prejudicado o país e o mundo".
"É necessário que o Congresso faça alguma coisa para destituir este Presidente, o que não tem acontecido, já que o Congresso nada tem feito", sublinhou.
Por trás de Gerry Walkney, um manifestante empunhava alto um cartaz onde se lê: "Above us only sky" (acima de nós só o céu).
"Bring back democracy (Tragam de volta a democracia) e "No Trump/No KKK [Klu Klux Klan]/No fascists in USA" são outras palavras de ordem dos participantes no protesto, organizado pelo Americans in Portugal United in Protest - AMPT.
"Fight ignorants Not immigrants" (Combate os ignorantes, não os imigrantes), declarava-se num cartaz.
Richard Emerson, um septuagenário residente em Lisboa há 30 anos, assumiu-se como independente, nas disse à Lusa ter aderido ao protesto por o país onde nasceu "não poder continuar entregue a um fascista".
"A democracia na América corre um risco muito sério e só é possível derrotar as políticas do 'rei' Trump com um movimento de contestação em massa a nível nacional e internacional".
É a "única forma", tal como aconteceu quando se pôs fim à guerra no Vietname", citou a título de exemplo.
Com cartaz onde se lia "A Cowering Congress Tolerates Tyrannical King Trump" (Um congresso covarde tolera o tirânico rei Trump), encimado por duas pequenas bandeiras dos EUA, Emerson sustentou a necessidade de continuarem a existir protestos destes no país e em todo o mundo para depor um homem que é uma "fonte de ódio para o mundo inteiro".
Chris Dee, natural de Filadélfia, onde a Constituição norte-americana foi redigida, reside em Lisboa há dois anos e meio e foi uma das oradoras no protesto.
Em declarações à Lusa, justificou a presença no evento com dois motivos: primeiro, porque sempre viveu em liberdade, tendo-se visto obrigada a sair dos EUA devido ao regime ditador de Trump.
Sublinhando que cresceu em Filadélfia, onde foi elaborada a Constituição, cujas normas Trump agora "rejeita e deita para o lixo a todo o momento", mostrou-se receosa pelo filho de 21 anos que é estudante universitário no Hawai.
"Tal como eu, o meu filho tem uma pele escura, e receio por ele todos os dias. Porque Trump só gosta de supremacia branca", frisou.
Além disso, não gostava que o meu filho e eventuais netos "vivessem em fascismo num dos países que tem das maiores tradições democráticas do mundo", observou.
Por seu turno, Leslie Sisman, uma das organizadoras e oradoras no protesto, sublinhou "a incompetência" do atual Presidente norte-americano.
Pode ver as imagens do protesto na galeria acima.
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