A Polícia Judiciária (PJ) ouviu, esta quinta-feira, alguns professores de uma escola de Setúbal que estão a ser investigados por suspeitas de terem pagado a assistentes operacionais para fazerem greve em 2023.
A notícia é avançada pela CNN Portugal, e, segundo confirmou o Notícias ao Minuto junto de fonte da PJ, as "audições têm vindo a decorrer". Questionada sobre o eventual número de docentes envolvidos, a mesma fonte explicou que o caso está em "segredo de justiça" e que por isso estes dados não seriam adiantados. "A investigação segue o seu curso", foi explicado.
A emissora adiantou, no entanto, que alegados pagamentos seriam feitos por professores aos assistentes operacionais corresponderiam a valores mais altos "do que os que receberiam por um dia normal de trabalho".
Esta sexta-feira terão sido ouvidos um assistente operacional e dois professores, já depois de a assistente operacional considerado como o "elo" entre as duas partes ter prestado depoimentos à PJ. Esta assistente seria a responsável por receber o dinheiro e distribui-lo pelos colegas.
A situação terá começado a ser investigada depois de ter sido feita uma queixa anónima. À CNN, fontes ligadas ao processo defenderam também que a situação "nem levará a lado nenhum, mas está a provocar um desgaste emocional muito grande".
Os primeiros interrogatórios contaram não só com atuais funcionários da escola como também com trabalhadores que já não estaria em funções neste estabelecimento de ensino.
Já esta quinta-feira, os trabalhadores ouvidos pelas autoridades terão sido questionados sobre os plenários do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P.) e se, nesses momentos, se tinha feito alguma combinação sobre pagamentos a estes profissionais.
Em 2023 houve várias greves neste âmbito que aconteceram, um pouco por todo o país. Em março desse ano uma plataforma de nove organizações sindicais que apresentaram queixa junto da Procuradoria-Geral da República contra o Ministério da Educação, devido a alegadas violações do direito à greve.
Em causa esteve o facto de os sindicatos terem apresentado pré-avisos de greve que começavam no fim de março, mas a tutela alegou não terem sido apresentados com 10 dias úteis de antecedência, obrigando a plataforma a adiar por dois dias a paralisação.
Para a plataforma, esta era uma "grave violação do direito à greve por parte do Ministério da Educação", nessa altura tutelada por João Costa. Os sindicatos acusavam o ministério de "mais uma prova de intolerância face à luta dos professores".
Leia Também: Desconvocada greve de professores da Escola Portuguesa de Luanda