O Presidente da República comentou, na tarde desta terça-feira, os resultados das eleições autárquicas. "As pessoas não acreditaram quando eu disse que cada autarquia era uma autarquia e que, portanto, havia decisões que só compreensíveis por razões locais", começou por dizer.
"O que se debateu foi o poder local e houve no poder local mudanças muito importantes. Houve muitos autarcas que terminaram o último mandato e, mesmo naqueles que se recandidataram houve mudanças", referiu.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "essa é a força da Democracia" e a "Democracia constrói-se na base dessa vivacidade. Os portugueses estão atentos, estão vivos, estão participantes, estão mobilizados".
Questionado sobre se olha para essas mudanças com preocupação, o chefe de Estado foi perentório: "Não".
"Foi o voto dos portugueses - os portugueses quiseram, em alguns casos, manter soluções do passado e noutros encontrar soluções diferentes ou até encontrar pessoas diferentes da mesma área ou de outra área política e fizeram-no em liberdade, o que deu depois o mapa que conhecem".
Para o Presidente "há sempre surpresas", pois a "Democracia é feita da surpresa". "A ideia de que aquilo que deu numa determinada época dá indefinidamente, não é assim. Todos nós temos essas surpresas, a Democracia deve traduzir também na surpresa que está viva", continuou.
"Aqueles que diziam que há afastamento da política, dos políticos e do poder local - não é verdade", reforçou.
Marcelo debruçou-se ainda sobre a noite vitoriosa do PSD, no âmbito do poder local, destacando que isso significa que "os portugueses decidiram, de uma forma mais expressiva, votar numa determinada formação política. Entenderam que no poder local há forças com maior relevo e que a maior dentro dessas foi a escolhida para regressar à liderança da Associação Nacional de Municípios e da Associação Nacional de Freguesias".
Sobre a possibilidade de em alguns municípios a governabilidade ser mais difícil devido aos resultados obtidos, o Presidente da República recordou também que "cada município deve encontrar uma solução". "Estive no poder local em situações de poder e de oposição. Há situações muito diferentes, tal como no poder nacional, é preciso haver concertação", rematou.
Recorde-se que após a chamada às urnas dos portugueses, que decorreu no domingo, o PSD, sozinho ou em coligações com várias forças, foi o partido com mais presidentes de câmara eleitos, 136, tendo com esse resultado, conquistado a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP). Já o PS, que era, desde 2021, o primeiro partido autárquico perdeu esse lugar - sozinho, conquistou 126 câmaras e conseguiu mais duas em coligação com o Livre e PAN.
Depois de ter sido o segundo partido nas legislativas de maio, o Chega conseguiu eleger três presidentes de câmara - São Vicente (Madeira), Albufeira (Algarve) e no Entroncamento (distrito de Santarém). Teve pouco mais de 600 mil votos, quando nas legislativas tinha atingido 1,4 milhões de votos.
E a abstenção cifrou-se em 40,74%, segundo dados provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, tendo sido a mais baixa desde 2005, mais de cinco pontos percentuais abaixo da registada há quatro anos.
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