De acordo com o estudo, 45 (14,61%) concelhos do país estão em situação de deserto de notícias, regiões sem noticiário local, e 38 (12,34%) em situação de semi-deserto, localidades com noticiários locais não frequentes ou ocasionais.
Além destes, o trabalho identificou 87 (28,25%) concelhos ameaçados, uma vez que têm apenas um único meio que produz o noticiário local regular, enquanto 171 (55,52%) apresentam algum nível de problema.
Em comparação com o último relatório de 2022, verificou-se uma redução da totalidade de regiões consideradas desertos de notícias, passando de 54 para 45, embora o número de semi-desertos tenha aumentado de 24 para 38.
O total de concelhos com algum tipo de problema subiu de 78 para 83, os concelhos ameaçados mantiveram-se estáveis (87), enquanto o total de concelhos com problemas aumentou ligeiramente de 166 para 171.
Neste sentido, a ausência de meios de comunicação é mais concentrada no interior do país, com destaque para o Alentejo e Trás-os-Montes.
O Alto Alentejo tem apenas nove meios de comunicação para 103 mil habitantes e o Alto Tâmega regista o maior rácio de meios per capita, com 15 meios para 78 mil habitantes.
O litoral e as áreas metropolitanas (Lisboa, Porto e Setúbal) praticamente não têm regiões em situação de deserto de notícias, visto que os concelhos contam com dois ou mais meios que produzem noticiário local regular.
A Grande Lisboa não tem nenhum deserto ou semi-deserto, apenas a Amadora é identificada como um concelho ameaçado.
"Persistem desigualdades territoriais significativas, com concentração de meios em regiões urbanas e litoral, e fragilidade acentuada no interior", embora o cenário regional seja de estabilidade, referem os investigadores no estudo.
Em 01 de junho, Portugal contava com 891 meios de comunicação regionais, dos quais 399 impressos, 263 rádios e 409 digitais.
Assim, os autores do estudo afirmam que o "digital assume-se como suporte dominante e em crescimento, embora com limitações na frequência e qualidade da produção noticiosa em alguns casos".
O estudo desenvolvido pelo LabCom - Unidade de Investigação em Ciências da Comunicação da UBI teve como objetivo "aprofundar a análise das suas implicações para a cidadania informativa, a democracia e a coesão social".
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