Margarida Balseiro Lopes falava à Lusa em Barcelona, Espanha, onde está a participar na conferência sobre políticas culturais MONDIACULT 2025, da UNESCO, a agência das Nações Unidas para a Educação e Cultura.
Trata-se do "fórum global mais importante que existe na área da cultura e desenvolvimento sustentável" e Portugal, "se faz da cultura uma prioridade, obviamente, tinha de estar" representado na MONDIACULT pela titular do Ministério da Cultura, sublinhou Margarida Balseiro Lopes.
A MONDIACULT, a maior conferência internacional sobre políticas culturais, decorre em Barcelona até quarta-feira e realiza-se este ano pela terceira vez na história da UNESCO, depois de edições em 1982 e em 2022, ambas no México.
Estão na MONDIACULT 2025 ministros da Cultura de 120 países e delegações de 160 dos 193 estados-membros da UNESCO. Entre as ausências, tem sido destacada a dos Estados Unidos (que este ano se retirou da UNESCO e de outras agências da ONU) e a de Israel.
A conferência pretende reafirmar o papel da cultura como motor de desenvolvimento económico, da paz e do diálogo e cooperação internacionais e trabalha para que a cultura passe a ter um objetivo específico na agenda de desenvolvimento sustentável da ONU pós-2030.
Margarida Balseiro Lopes disse à Lusa que neste encontro da UNESCO e num outro de 22 ministros da Cultura da comunidade ibero-americana que o precedeu, no domingo, também em Barcelona, foi adotado "um compromisso de assumir a cultura como uma prioridade" e de a incluir na agenda de desenvolvimento global pós-2030.
"A cultura tem de ter um ODS" e "tem de ser uma prioridade", afirmou, explicando que, entre outros aspetos, isso vai permitir ter indicadores e, em simultâneo, financiamento.
"As prioridades também se demonstram a partir do momento em que olhamos e vemos que, do ponto de vista financeiro, a retórica bate certo com as apostas feitas", acrescentou.
Margarida Balseiro Lopes disse que este é um "fórum importante para alinhar as políticas que de forma global devem ser implementadas", com a valorização da cooperação entre países que, em algumas dimensões é fundamental.
"Há matérias que não podem ser tratadas isoladamente por nenhum país", destacou a ministra, que deu como exemplo a transição digital e o impacto da tecnologia no setor ou desafios colocados pela inteligência artificial (IA).
A ministra portuguesa participou na segunda-feira numa sessão temática sobre, precisamente, "transição digital e a inteligência artificial" e realçou que apesar da necessidade de regulação e impactos negativos no setor da cultura - como a ameaça à "compensação devida e justa aos criadores de conteúdos" culturais -, há "utilizações benéficas da inteligência artificial que no contexto do multilateralismo e da cooperação internacional podem ser aprofundadas".
"Se nós soubermos fazer bem o nosso papel, [a IA] terá garantidamente mais benefícios, em garantir que a cultura é, de facto, um direito universal, ou seja, que chega verdadeiramente a toda a gente", afirmou.
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