O festival tem como eixos temáticos a memória e as encruzilhadas culturais, privilegiando o diálogo entre a literatura em língua portuguesa e outras tradições literárias do mundo.
Rute Simões Ribeiro, publicada pela Editora Nós - Portugal, participa em duas mesas de debate e num ateliê criativo destinado ao público infantojuvenil.
A autora faz parte da mesa "Escrever futuros", ao lado de Mariana Salomão Carrara, Eliane Marques e Ricardo Ramos Filho, e da mesa "A reta é uma curva que não sonha", com Daniella Zupo, Hugo Monteiro Ferreira e Afonso Borges.
A presença da escritora inclui ainda o ateliê "Criação Literária para a Construção de Asas", segundo informação divulgada pela editora Nós.
Esta nova casa editorial em Portugal publicou este ano os livros "É sempre a hora da nossa morte ámen" e "Se deus me chamar não vou" de Mariana Salomão Carrara, escritora brasileira que só estava editada pela Companhia das Letras, com "Não fossem as sílabas do sábado" e "A árvore mais sozinha do mundo".
Para Rute Simões Ribeiro, os encontros promovidos pelo festival "são a expressão de uma vontade muito grande de ouvir o outro, de confrontar perspetivas sobre o mundo e de concretizar o encontro da diversidade, pela via da linguagem, do afeto e da liberdade".
A edição deste ano do festival conta com a presença de mais duas autoras não brasileiras, além de Rute Simões Ribeiro: a camaronesa Léonora Miano e a ruandesa Scholastique Mukasonga, esta última, homenageada do festival, juntamente com o autor brasileiro Itamar Vieira Júnior.
Scholastique Mukasonga - publicada no Brasil pela Nós - é a autora da obra memorialística "Inyenzi ou as Baratas", sobre o genocídio tútsi no Ruanda, editada em Portugal pelos Livros do Brasil, enquanto Léonora Miano tem publicado na Antígona o romance "A Estação da Sombra", que aborda as consequências da captura de jovens africanos por traficantes de escravos numa aldeia subsaariana.
O baiano Itamar Vieira Júnior, vencedor do Prémio Leya com "Torto arado", tem ainda editado em Portugal "Doramar ou A Odisseia" e "Salvar o fogo".
A participação de Rute Simões Ribeiro insere-se na estratégia da Editora Nós -- criada em Portugal em 2024 como derivação da sua congénere brasileira -- de afirmar uma voz editorial independente e transnacional, que cruza autores de língua portuguesa com outras literaturas de expressão francesa, italiana e inglesa.
Desta forma, a editora procura construir pontes e favorecer o encontro entre diferentes tradições literárias, destaca.
"É neste contexto, que a participação de escritoras como Mariana Salomão Carrara, Simone Paulino e Calila das Mercês, a par de Rute Simões Ribeiro, publicadas pela Editora Nós, reforça não apenas a vitalidade da literatura em língua portuguesa, mas também a ambição de se pensar a edição enquanto lugar de convergência e de temporalidades comuns".
Rute Simões Ribeiro é licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra. Em 2015, foi finalista do Prémio LeYa, com o romance "Ensaio sobre o dever", e, em 2023, venceu o Prémio Hugo Santos, com "O homem sem mim", publicado este ano pela editora Nós, que editou, na mesma altura "A breve história da menina eterna".
A linha editorial da Nós tem como objetivo valorizar a singularidade de cada voz literária, a pluralidade de expressões culturais e a criação de pontes entre geografias e línguas.
Fundada como editora independente, além de publicar livros, procura intervir, de modo consciente, no pensamento contemporâneo, reconhecendo a edição enquanto gesto cultural e político, informa a editora, em comunicado.
"Apostamos na literatura brasileira, portuguesa e de outros países de expressão lusófona, sem deixar de abrir espaço a autores de língua francesa, italiana e inglesa, construindo um catálogo que é, ele próprio, um género literário, coerente e reconhecível", afirma.
A editora sublinha ainda que valoriza os "projetos de forte densidade estética e intelectual, capazes de dialogar com a crítica, com os leitores e com outras artes", e que o seu compromisso é "editar com rigor e consistência, revelando novas autoras e autores e recuperando clássicos".
O seu catálogo abrange autores como Adelaide Ivánova, Afonso Borges, Ana Johann, João Guilhoto, Helena Machado, Marcia Tiburi, Mariana Salomão Carrara, Scholastique Mukasonga, David Diop, Pauline Delabroy-allard, Ágota Kristóf, mas também autores como Virginia Woolf, Edmondo de Amicis, William James e Étienne de La Boétie.
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