Portugal vai reconhecer o Estado da Palestina, este domingo, na véspera de uma conferência de alto nível sobre a solução de dois Estados, à margem da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A decisão foi vista como "um bom sinal" pela Esquerda e teve o "pleno apoio" do Presidente da República, no entanto, o gesto não é unânime na coligação governativa, com o CDS-PP a mostrar-se contra.
No sábado, à chegada a Nova Iorque para participar na 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que a decisão do Governo português "tem o pleno apoio do Presidente da República" e alinha-se com aquela que "tem sido a posição portuguesa".
"Tem o pleno apoio do Presidente da República, que tem sido a posição portuguesa, que é defender a moderação para que essa fórmula [de dois Estados, de Israel e da Palestina] seja possível, e afastar-se dos radicalismos que se opunham a que a fórmula fosse possível", declarou, sublinhando que este será "um momento importante".
O Presidente da República sublinhou também que a decisão pretende "abrir ainda uma hipótese" à solução de dois Estados, defendendo que "em consciência, se deve fazer tudo - com condições, significativas - para que esse caminho [dos dois Estados] possa ser seguido".
Reconhecimento do Estado da Palestina será "um momento importante"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou que o reconhecimento do Estado da Palestina por parte de Portugal será "um momento importante" e garantiu que a iniciativa tem "o [seu] pleno apoio".
Daniela Filipe | 23:28 - 20/09/2025CDS-PP considera que momento "não é oportuno, nem consequente"
O CDS-PP - representado no Governo pelo seu líder e ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e por dois secretários de Estado - disse discordar da decisão do Governo, considerando que não é "oportuno, nem consequente" e só deveria acontecer no "quadro de um processo institucional de paz".
"O CDS-PP é favorável, desde sempre, à solução dos dois Estados, mas considera que, no presente momento do conflito, a efetivação do reconhecimento não é oportuna, nem consequente", lê-se num comunicado divulgado esta tarde pelo CDS-PP.
O CDS-PP garantiu, contudo, que a coesão do Governo está "absolutamente assegurada", uma vez que esta matéria não consta do acordo de coligação, mas manifesta a sua "divergência quanto à oportunidade da declaração de reconhecimento de um Estado palestiniano".
CDS discorda de reconhecimento da Palestina. "Efetivação não é oportuna"
O CDS-PP disse hoje discordar da decisão do Governo de reconhecer, este domingo, o Estado da Palestina, considerando que não é "oportuno, nem consequente" e só deveria acontecer no "quadro de um processo institucional de paz".
Lusa | 17:52 - 20/09/2025Decisão é "bom sinal", mas deveria "ter sido tomada mais cedo"
Antes, no dia em que foi anunciado que Portugal iria reconhecer o Estado da Palestina, a Esquerda considerou tratar-se de é "um bom sinal", mas peca por ser tardio.
"Devemos sublinhar a importância de Portugal reconhecer o Estado da Palestina como um bom sinal da parte deste Governo", afirmou a eurodeputada e antiga ministra socialista Ana Catarina Mendes, à margem de uma Sessão Pública pela Palestina.
Mas é uma decisão que deveria "ter sido tomada mais cedo", defendeu.
A sua opinião foi partilhada, por Marisa Marias, do Bloco de Esquerda (BE), Inês Sousa Real, do PAN, Pedro Guerreiro do PCP e Isabel Mendes Lopes, do Livre, bem como por Catarina Martins também do BE, todos presentes na mesma sessão.
Palácio do Eliseu anunciou, Governo antecipou-se
"Portugal vai reconhecer o Estado da Palestina", confirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado divulgado na sexta-feira. A confirmação surgiu após o Palácio do Eliseu ter anunciado que dez países, incluindo Portugal, iriam reconhecer na segunda-feira um Estado palestiniano numa conferência em Nova Iorque.
No entanto, Portugal decidiu antecipar-se e avançou que este reconhecimento acontecerá já este domingo, "ainda antes da Conferência de Alto Nível da próxima semana".
A Declaração Oficial de Reconhecimento está agendada para as 20h15 (hora de Lisboa) na Missão de Portugal junto das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Antes, o Governo português já tinha anunciado que iria ouvir o Presidente da República e os partidos com assento parlamentar sobre a possibilidade de Lisboa reconhecer o Estado palestiniano. Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, indicou que não tinha identificado obstáculos a este passo.
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