O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, disse esta sexta-feira que não vai "especular sobre a informação do cabo do Elevador da Glória", que poderá estar na origem do acidente que matou 16 pessoas e feriu mais de 20.
"Em primeiro lugar quero dizer que fui o primeiro a abrir imediatamente uma investigação externa. Essa investigação está a decorrer. Os dados que me apresentam, os dados novos que ficamos a saber hoje têm a ver com a mudança de um cabo há seis anos. Portanto, isso mostra a importância da investigação porque ela tem de ver a linha do tempo. E mostra também que nos últimos dias - e é por isso que eu não vou especular sobre essa informação - houve muitas informações que vieram a público e depois foram verificadas", começou por salientar o autarca, a partir da Praça do Município, à margem da cerimónia do 134.º aniversário da Polícia Municipal, onde participou.
Para Carlos Moedas, primeiro "temos de ter a inspeção, a investigação" antes de retirar "conclusões", pedindo a todos para não se tirar "conclusões precipitadas", uma vez que "temos de deixar a investigação decorrer primeiro".
"É muito importante que se continue a investigar e há uma coisa que eu prometo aos lisboetas: vamos investigar até à última consequência. Essa investigação, obviamente, tem de ser feita. No tempo, nos anos em que houve decisões. Estas decisões que são tomadas têm depois influência no futuro. O que nós estamos a ver aqui é que há uma decisão há seis anos que pode ter tido impacto, mas nós não sabemos. Eu não quero especular e não vou especular", concluiu.
Recorde-se que, esta sexta-feira, o Expresso avançou com a possibilidade da mudança do tipo de cabo utilizado no suporte do Elevador da Glória pode estar na origem do acidente que, na semana passada, fez 16 mortos e mais de 20 feridos.
A notícia teve como base as declarações de especialistas do Instituto Superior Técnico (IST) e no relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).
Em causa está uma alteração feita há seis anos, altura em que se substituiu um cabo totalmente em aço para um formado por seis cordões de aço com "alma em fibra". Conforme explicam os especialistas, o núcleo do cabo passou a ser constituído por uma "corda" que se "deformou" de forma irreversível quando foi apertada e que continuou a deformar-se ao longo dos meses, perdendo volume e levando o cabo a soltar-se.
Apesar desta alteração, o sistema de amarração manteve-se e, com o tempo, o cabo terá perdido resistência ao aperto feito no trambolho. É que "há dilatações, vibrações e a compatibilidade entre ambos os materiais é diferente do que se fosse aço com aço", explicou ao Expresso Pedro Amaral, engenheiro de materiais.
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