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Mudança do cabo pode estar na origem do acidente no Elevador da Glória

Há seis anos que o cabo que suporta o ascensor deixou de ser 100% em aço - passou a ser constituído por uma "corda" com núcleo em fibra. Contudo, não foi considerada uma mudança no tipo de fixação, o que poderá ter contribuído para o acidente.

Mudança do cabo pode estar na origem do acidente no Elevador da Glória

© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Tomásia Sousa
12/09/2025 07:50 ‧ há 1 dia por Tomásia Sousa

A mudança do tipo de cabo utilizado no suporte do Elevador da Glória pode estar na origem do acidente que, na semana passada, fez 16 mortos e mais de 20 feridos. A notícia é avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso, com base em declarações de especialistas do Instituto Superior Técnico (IST) e no relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

 

Em causa está uma alteração feita há seis anos, altura em que se substituiu um cabo totalmente em aço para um formado por seis cordões de aço com "alma em fibra". Conforme explicam os especialistas, o núcleo do cabo passou a ser constituído por uma "corda" que se "deformou" de forma irreversível quando foi apertada e que continuou a deformar-se ao longo dos meses, perdendo volume e levando o cabo a soltar-se.

Apesar desta alteração, o sistema de amarração manteve-se e, com o tempo, o cabo terá perdido resistência ao aperto feito no trambolho. É que "há dilatações, vibrações e a compatibilidade entre ambos os materiais é diferente do que se fosse aço com aço", explica ao semanário Pedro Amaral, engenheiro de materiais.

Assim sendo, segundo os vários especialistas ouvidos pelo Expresso, o problema não está na substituição do cabo em si, mas no facto de a Carris não ter considerado uma fixação diferente quando mudou o tipo de cabo utilizado já que, se este foi alterado, o sistema de amarração também deveria ter sido testado.

Os técnicos apontam também problemas nos travões, que, em caso de problemas no cabo, não eram cabazes de imbolizar os veículos de forma autónoma.

Além disso, as imagens do dia da tragédia sugerem ainda a possibilidade de existência de óleo em excesso, o que pode ter afetado um dos sistemas de freios

Recorde-se que o GPIAAF já tinha revelado que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória "cedeu no seu ponto de fixação" da carruagem que descarrilou.

"Do estudo feito aos destroços no local, foi de imediato constatado que o cabo que unia as duas cabinas cedeu no seu ponto de fixação dentro do trambolho [peça de encaixe] superior da cabina n.º 1 (aquela que iniciou a viagem no cimo da Calçada da Glória)", referia a Nota Informativa (NI) deste organismo, publicada no passado sábado.

A NI já indicava que o cabo utilizado era constituído por seis cordões de 36 arames de aço com alma em fibra, com um diâmetro total nominal de 32 milímetros (mm) e uma carga de rotura aproximadamente de 68 toneladas, sendo este tipo de cabo usado neste ascensor há cerca de seis anos.

A avaliação final do GPIAAF só será conhecida, contudo, ao fim de 45 dias.

O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 22 feridos.

O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de 276 metros e é muito procurado por turistas.

[Notícia atualizada às 08h18]

Leia Também: Elevador da Glória: PCP acusa PSD e PS de "passa-culpas"

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