O primeiro-ministro, Luís Montenegro, iniciou esta terça-feira, 9 de setembro, uma visita de Estado de dois dias à China.
Aos jornalistas, após um encontro com o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, o Chefe de Estado português recordou que a "relação" entre os dois países "tem muita história, um contexto passado com uns momentos de maior aproximação e momentos de maior tensão também", mas garante que "se projeta para o futuro como ponto de partida para conseguirmos interagir e cooperar" em vários planos.
"No plano cultural, no plano da política internacional mas também no plano económico e comercial", enumerou, lembrando que "hoje Portugal usufruiu de vários investimentos que têm origem na China e que têm sido alavancas para transformação e desenvolvimento económico de Portugal".
"É nossa pretensão contribuir, com esta nossa vinda cá [à China] para podermos também abrir portas a que mais empresas portuguesas possam encontrar no mercado chinês o destino dos seus produtos e, por via disso, aumentar a nossa quota de exportação para esta geografia, contribuindo também para uma economia mais pujante, num momento que é um momento bom para Portugal quer para atrair investimento, quer para conquistar mercado ", assegurou.
Montenegro destacou ainda que "a China é uma potência económica, uma potência política. É uma nação que tem um papel relevante. É membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, nesse contexto, o apelo que nós deixamos foi que as suas capacidades de influência na cena internacional se possam traduzir, como é também o desejo de Xi Jinping, em mais paz, mais prosperidade, mais justiça e mais acesso àquilo que é essencial".
"Independentemente de muitas diferenças que também temos com algumas das perspetivas da China, a verdade é que a República Popular da China e o seu presidente têm afirmado valores como o multilateralismo, o respeito pelo Direito Internacional. Cremos nós que isso também significa o respeito pelos Direitos Humanos, pelo acesso de todos os cidadãos a patamares de realização que se coadunam com os valores que nós preconizamos em Portugal", considerou o primeiro-ministro português, lembrando a "imensa" capacidade de influência da China.
Por essa razão, defendeu, a partir de Pequim, que "devemos contar para, em vários daqueles que são os teatros de conflitos à escala global, podermos ter reflexos positivos dessa capacidade".
"Na Ucrânia, em particular, é conhecida a relação de proximidade entre a República Popular da China e Federação Russa, portanto, a capacidade de influência sobre a Rússia é uma possibilidade que importa exponenciar, que importa desenvolver, que importa concretizar. E eu limitei-me a ser franco, leal e direto no apelo para que essa capacidade de influência possa ser desenvolvida e trazer resultados práticos ao abrigo, precisamente, da relação que é conhecida entre a China e a Rússia", assegurou, crendo que "o apelo, vindo de um país amigo, vindo de um país da União Europeia, de um país - como o presidente Xi Jiping enfatizou - que tem uma identidade de valores e de precurso, não cairá em saco roto".
Governo recolhe informações sobre incidente com flotilha
Montenegro falou também, a partir de Pequim, do incidente com a flotilha, que partiu numa missão humanitária rumo a Gaza e que terá sido alvo de um ataque com um drone em Tunes, capital da Tunísia.
Ao ser questionado pelos jornalistas sobre que informações dispõe o Governo sobre este caso, o primeiro-ministro afiançou que o Executivo está já a recolher informações sobre o incidente.
"As informações são muito limitadas e, portanto, eu não poderei acrescentar nada mais que não o facto de ir recolher, precisamente, mais conteúdo informativo para poder depois emitir alguma opinião", afirmou o primeiro-ministro, que estava ladeado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, pediu hoje uma reação da comunidade internacional ao que diz ter sido um ataque ao barco de bandeira portuguesa que integra a flotilha humanitária.
Segundo a coordenadora do BE, o barco foi atingido de noite, após a troca de turnos de vigia que os ocupantes dos barcos fazem porque "noutras missões anteriores já houve casos de ataques com drones ou de sabotagem dos barcos".
Recorde-se que Luís Montenegro iniciou hoje uma visita oficial à China de dois dias, durante a qual passará por Macau, seguindo depois para o Japão, onde ficará até sexta-feira, com passagens por Tóquio e Osaka.
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