Questionado pelos jornalistas sobre este assunto à saída da Fundação Champalimaud, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que disse "o que tinha a dizer" quando declarou que Donald Trump tem funcionado como "ativo soviético, ou russo", e que o fez "com todo o cuidado do mundo, explicando que não havia nada ali de amizade, nem económico, nem social, nem político, nem ideológico".
"Foi da forma mais elegante do mundo. Foi só dizer: olhem isto, acontece, acontece. Acontece porque, enfim, fruto das estratégias seguidas, são opções que dão este resultado. Este resultado tem consequências, e a consequência, todos perceberam, é que há oito meses que estamos à espera de cessar-fogo e há oito meses estamos à espera de avanço muito mais rápido para a paz. Mas enfim, são estratégias que são seguidas por quem tem legitimidade para as seguir", completou.
Interrogado sobre o impacto das suas declarações, que levaram o Governo a recordar que lhe compete conduzir a política externa, e se tinha algo a acrescentar a essas palavras proferidas na Universidade de Verão do PSD, o chefe de Estado retorquiu: "Nada, nada, nada. O que eu disse está dito".
"Não foi a primeira vez que eu disse. Eu nos últimos sete meses disse em várias ocasiões. Uma delas, na presença do Presidente Macron, no discurso no jantar que lhe ofereci, e ele concordou com o meu ponto de vista", referiu.
"Mas está dito, está dito", reiterou o Presidente da República.
Quanto à sua relação com o executivo PSD/CDS-PP, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que "o Governo é quem dirige a política externa" e sustentou que, "portanto, do que se trata é de o Presidente da República e o Governo acertarem, sempre que possível, as posições".
"E tem sido possível acertar. E aqui a posição era fácil, era realmente defender que quanto mais forte for a coesão de aliança do caso da Ucrânia, melhor para a Ucrânia. Quanto menos forte for, pior para a Ucrânia. E essa é a posição do Governo, é a posição do Presidente", sustentou.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "houve na história casos de Presidentes que tomaram posições contra os Governos" em matéria de política externa, "mas aqui não, aqui felizmente não".
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