O português, de 58 anos, que publicou um vídeo nas redes sociais a oferecer "500 euros" por cada "cabeça de brasileiro" pediu, esta quarta-feira, dia 3 de setembro, desculpas à comunidade brasileira, pelo que disse, garantindo que tem a consciência de que se excedeu.
Em entrevista ao programa Casa Feliz, da SIC, João Oliveira revelou que fez o vídeo num momento de "raiva" depois de um homem, alegadamente de nacionalidade brasileira, lhe ter furtado o telemóvel.
"Coloquei aquele vídeo porque estava com muita raiva de um brasileiro e... pronto, não devia ter feito aquele vídeo. Há três dias tinham-me furtado um telemóvel, um telemóvel no valor de 1.200 euros e foi um brasileiro", começou por contar, acrescentando que esta situação já está resolvida e que o suposto ladrão já devolveu, inclusive, o equipamento.
"Eu fiz aquele vídeo, não o devia ter feito. Por uns pagam os outros. Fui longe demais, reconheço isso e peço desculpa por isso", salientou.
Desde que o vídeo começou a ser partilhado nas redes sociais, João tem recebido "ameaças de morte". Apesar disso, garantiu ao jornalista da SIC que não teme pela sua vida.
"Dizem que me fazem tudo e mais alguma coisa. Não tenho medo porque estou no meu país. Foi um vídeo infeliz, com raiva, estou a retratar-me agora, mas as pessoas fartam-se de me ameaçar", contou, revelando que não só é casado com uma mulher de nacionalidade brasileira, como viveu e trabalhou, durante quatro anos, no Brasil.
Apesar de já ter sido abordado pelas autoridades, devido às queixas apresentadas contra ele na sequência do polémico vídeo, João não parece ter medo das consequências. "Não sei o que vai acontecer, não sou da Justiça", disse apenas quando questionado sobre as possíveis consequências de tal atitude.
Despedido por comportamentos impróprios com colegas... estrangeiros
João Oliveira garantiu ainda à SIC que não tem o hábito de apelar ao ódio, algo que o o seu ex-patrão, proprietário da Padaria Variante, localizada em Aveiro, parece não concordar.
Entrevistado pelo mesmo programa, o empresário Alberto Fonseca revelou que despediu João precisamente devido a comportamentos impróprios para com os colegas estrangeiros.
O despedimento terá ocorrido no passado dia 15 de julho, depois de um curto período experimental e antes mesmo da publicação do vídeo que originou toda esta polémica.
Questionado sobre o tipo de atitudes estão em causa, Alberto Fonseca salientou que foram comportamentos que a empresa não permite, mas não "da gravidade dos demonstrados no vídeo".
O empresário lamentou ainda que a padaria e todo o seu staff - que conta com dois brasileiros, três santomeses e dois venezuelanos - tenham sido envolvidos nesta polémica só porque João foi funcionário no local, durante "pouco mais de uma semana".
Entretando, Alberto já falou com as autoridades sobre o caso. "A Guarda Nacional Republicana (GNR) esteve cá ontem [terça-feira] a informar que estava a a decorrer um processo e nós estamos a colaborar com as autoridades com tudo o que nos pediram", afiançou.
Recorde-se que João Oliveira poderá vir a responder pelo crime de incitamento ao ódio, que tem uma moldura penal de 6 meses a cinco anos de prisão.
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