Um homem que vive em Aveiro publicou um vídeo nas redes sociais a oferecer "500 euros" por cada "cabeça de brasileiro".
Em poucas horas, a filmagem tornou-se viral. A comunidade brasileira a viver em Portugal, assim como vários ativistas portugueses, mostrou-se revoltada com as ameaças xenófobas e pediram medidas.
O perfil do homem nas redes sociais rapidamente se tornou público, assim como o nome do mesmo e o local de trabalho.
Quando a padaria onde o homem era funcionário, em Aveiro, soube do vídeo, despediu-o. "Queremos deixar claro que a pessoa envolvida nos vídeos que têm circulado já não faz parte da nossa equipa. Na Padaria Variante não aceitamos, nem nem compactuamos, com qualquer forma de racismo. Agradecemos a compreensão de todos e seguimos de portas abertas para vos receber sempre com respeito e carinho", lê-se num anúncio feito no Instagram do estabelecimento, que já conta com cerca de 4 mil 'gostos'.
Já noutra publicação, a padaria garante que na sua equipa existem "pessoas de diferentes origens - brasileiras, santomenses, venezuelanas e portuguesas" e que têm "muito orgulho" nessa diversidade. "Condenamos qualquer atitude racista e reiteramos o nosso compromisso em manter um ambiente de respeito e inclusão".
Os comentários a ambas as publicações foram, entretanto, ocultados. No entanto, o Notícias ao Minuto, ainda conseguiu ver que, entre os muitos elogios à atitude da padaria - em despedir o trabalhador em questão - estavam alguns pedidos de participação da situação à polícia, a que a empresa não reagiu.
Entretanto, o jornal brasileiro O Globo revelou que a fundadora da Associação de Apoio a Emigrantes, Imigrantes e Famílias (AAEIF), Sónia Gomes já disse que vai formalizar queixa contra o homem.
Juliet Cristino, do Comité dos Imigrantes de Portugal (CIP), defende o mesmo.
"Quem não se revolta? A polícia precisa fazer algo, porque é crime e discriminação. Aumenta a violência e depois vão culpar os imigrantes", afirmou o responsável.
Nas redes sociais são vários os cidadãos brasileiros que pedem justiça e exigem que o Ministério Público (MP) abra uma investigação ao caso. E há até quem dê uma 'lição de história' ao homem que ficou conhecido por "xenófobo dos 500 euros".
Para já, não foi possível apurar se o caso está ou não a ser investigado, nem o que é feito do homem que proferiu as ameaças.
Recorde-se que, no passado mês de junho, o jornal Público revelou que as queixas judiciais contra crimes de ódio praticamente quintuplicaram em Portugal — de 63, em 2019, para 347, em 2024 —, segundo dados fornecidos pela polícia portuguesa.
De acordo com o relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância, Portugal registou "um aumento acentuado do discurso de ódio, que visa, sobretudo, os migrantes, os ciganos, a comunidade LGBTQIA+ e as pessoas negras" nos últimos anos.
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