"A fortuna escondida pura e simplesmente não existe. Isso não é verdade". José Sócrates falou aos jornalistas à entrada para a (nova) sessão, a desta quarta-feira, do julgamento no âmbito da Operação Marquês, considerando que "há dez anos" que se defende desta questão.
"Repare, há dez anos que eu me venho defender disso, já disse tudo o que tinha a dizer sobre isso", vincou o ex-primeiro-ministro.
Sócrates defendeu ainda que, nestas sessões de julgamento, o Ministério Público (MP) não apresentou provas nem "contradisse" as afirmações proferidas pelo ex-governante: "Não é apenas o Ministério Público não ter apresentado as provas, nem um indicio, nem um facto... é que não contradisse nada do que afirmei. Ontem provei documentalmente e com testemunhos que nada daquilo existiu, tudo aquilo é falso".
"O Ministério Público está aqui para sustentar a acusação, ora a acusação é absurda", frisou.
José Sócrates voltou a atacar os jornalistas, salientando que a comunicação social, "durante estes dez anos", "sustentou coisas que são completamente inverdades".
O antigo primeiro-ministro José Sócrates é o principal arguido deste processo que conta com 21 acusados de 117 crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
José Sócrates, de 67 anos, está pronunciado (acusado após instrução) de 22 crimes, incluindo três de corrupção, por ter, alegadamente, recebido dinheiro para beneficiar em dossiês distintos o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) - ligado ao BES, à data acionista da PT - e o empreendimento Vale do Lobo, no Algarve.
Os 21 arguidos - que respondem globalmente por 117 crimes económico-financeiros - têm negado, em geral, a prática de qualquer ilícito.
O julgamento começou em 3 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa e prossegue hoje, com mais pedidos de esclarecimentos do MP, nomeadamente sobre a relação de José Sócrates com o grupo Lena.
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