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"Sócrates dominava a comunicação social. Acho-o psicopata"

Manuela Moura Guedes, conta que, na altura, “a comunicação social estava praticamente toda dominada pelo primeiro-ministro [José Sócrates] e pelo Governo” e que tinha de preparar as suas investigações "sob completo segredo".

"Sócrates dominava a comunicação social. Acho-o psicopata"

© Facebook/Manuela Moura Guedes

Carolina Pereira Soares
02/09/2025 22:53 ‧ há 5 horas por Carolina Pereira Soares

A jornalista Manuela Moura Guedes, que coordenou e realizou uma série de investigações sobre as ações do ex-primeiro-ministro José Sócrates, esteve na noite desta terça-feira na SIC Notícias onde considerou que os órgãos de comunicação estavam "dominados" pelo antigo governante naquela época.

 

Manuela Moura Guedes, conta que, na altura, "a comunicação social estava praticamente toda dominada pelo primeiro-ministro [José Sócrates] e pelo Governo".

E relembra que tinha de preparar as notícias "sob completo segredo", porque Sócrates ligava para os jornalistas da redação às sextas-feiras, quando saíam as investigações sobre si próprio, para saber o que ia acontecer. Moura Guedes diz que só a sua equipa é que sabia o conteúdo das notícias, para evitar vazar a informação.

Sócrates "dominava" a comunicação social e influenciava notícias

Mesmo assim, a jornalista nota outra peculiaridade: no dia a seguir às investigações saírem, o resto dos media não replicava as notícias.

"A comunicação social não fazia eco de notícias tão espantosas, com provas, com documentos e gravações, em que se dizia que o primeiro-ministro era corrupto", afirma. "E a prova de que era verdade é que eu nunca tive um processo nem um direito de resposta", acrescenta, explicando que, se as provas não fossem reais, Sócrates tinha entrado com um processo contra si em tribunal.

Mesmo assim, a pressão do antigo primeiro-ministro era forte o suficiente para influenciar as empresas de comunicação social, segundo Manuela Moura Guedes.

"A empresa onde eu estava proibiu o jornal [Jornal Nacional, que a jornalista editava e apresentava], censurou-o, extinguiu-o", denuncia. "E eu deixei de fazer aquilo de que tanto gostava: desde 2009 que eu não sou jornalista".

Manuela Moura Guedes admite que tem “uma mágoa grande que nunca” irá deixar de ter devido ao caso que, diz a própria, terminou a sua carreira.

"Imagine: cortam-lhe a carreira, simplesmente por razões políticas, quando sabe que está a fazer aquilo que está certo", relata à pivot que a questiona, num momento em que fica visivelmente emocionada.

"PS fez uma campanha contra mim"

A jornalista confessou ainda que sentiu, na época, que "todo o PS estava organizado para fazer uma campanha contra o Jornal Nacional, na altura, e contra" si própria.

Mas vai mais além, e acusa mesmo o procurador-geral da altura, Pinto Monteiro, a procuradora-adjunta Cândida Almeida e o próprio Ministério Público de estarem do lado de José Sócrates e de o terem tentado proteger.

"Na altura, o procurador-geral era Pinto Monteiro e não me deixou pôr um processo de atentado contra o Estado de Direito. Nem sequer a queixa seguiu", declara, afirmando que havia uma ligação perigosa entre os dois. "Tentaram tudo para travar tudo o que dissesse respeito ao primeiro-ministro." 

Quanto ao próprio processo, e ao caminho (longo) que foi preciso para chegar até aqui, Manuela Moura Guedes questiona o porquê de tantos recursos e entraves à Justiça, por parte de Sócrates.

"Alguém que se diz inocente, quando quer provar que é inocente, quer ser julgado", considera. "E ele fez tudo e continua a fazer tudo para não ser, protelando e atrasando o julgamento", afirma.

"Onde é que ele vai buscar o dinheiro?"

Em vez disso, "ele faz espetáculo lá dentro, porta-se terrivelmente" e "tenta distrair a opinião pública daquilo que é essencial" com o "seu teatro", aproveitando para fazer, "como ele gosta de dizer, a narrativa, a narrativa que ele quer" e "quase ninguém lhe faz perguntas".

A jornalista reflete em como o jornalismo "passa uma fase muito complicada, porque há falta de dinheiro", o que resulta, na sua ótica, num "jornalismo brando com quem tem responsabilidades" e em jornalistas muito novos. 

O que se reflete depois em quem rodeia o antigo primeiro-ministro quando o mesmo sai da sala de audiências e faz declarações, muitas vezes, atacando os próprios profissionais que lhe dão tempo de antena.

"E os jornalistas responderam-lhe uma vez calando-se, mas eles não têm de se calar. Eles têm é de lhe fazer as perguntas diretas, de lhe perguntar, por exemplo, e continuar a lhe perguntar, onde é que ele vai buscar o dinheiro", atira Manuela Moura Guedes.

"Não é qualquer um que consegue sustentar um processo destes", aponta a jornalista. "Não é com a herança da mãe que é mentira. Não existe herança nenhuma", garante, relembrando que, na altura em que praticava ativamente a profissão fez investigações que determinavam que a mãe de José Sócrates vivia com o dinheiro do próprio.

A jornalista vai ainda um passo mais longe, para lá do "teatro" e da "pressão" exercida pelo ex-governante, considerando que Sócrates tem problemas do foro psiquiátrico.

"Eu acho-o um pouco maluco, psiquiatricamente. Acho-o psicopata. Já perguntei a vários especialistas, e ele é uma pessoa que tem problemas psiquiátricos", conclui Manuela Moura Guedes.

Leia Também: "MP entreteve-se com a devassa da minha vida privada", diz Sócrates

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