Luís Simões começa por explicar que, pelo que sabe, o modelo de Inteligência Artificial (IA) português está "na vertente do debate e engenharia", o que não inviabiliza uma conversa sobre diretos de autor da informação utilizada para treinar a ferramenta de IA.
"O Amália vai servir-se de informação produzida por jornalistas, na sua maioria, e é bom que assim seja, para a informação ser verificada", por isso, "era muito interessante pensarmos que há direitos de autor e conexos que devem ser preservados", explica.
Neste sentido, o presidente do sindicato diz ter havido "zero contacto" entre as universidades envolvidas no projeto, bem como por parte do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que detém no seu ministério a pasta da comunicação social.
Assim, para o responsável, este "é um bom momento de se pagar aos jornalistas pelo trabalho que fazem, que é informar", ao mesmo tempo que se questiona se o Estado estará a preparar uma forma de salvaguardar o pagamento dos direitos de autor, quando determinada informação é usada para treinar o 'chatbot'.
"O que tem vindo a acontecer há muito tempo é que as empresas e os jornalistas produzem informação e toda a gente vai buscar. Utiliza-se essa informação ganhando dinheiro com a publicidade (...) e não acontece nada porque ninguém paga por essa informação produzida por outro", explica.
Assim, para o responsável sindical este é o momento para as empresas, jornalistas e sindicatos discutirem uma forma de contornar este fenómeno, nomeadamente com o modelo de IA português.
Em matéria de IA no jornalismo, Luís Simões diz que o sindicato apresentou várias propostas para o livro branco de IA no jornalismo, medida presente no "Plano de Ação para a Comunicação Social", apresentado pelo anterior governo, medidas essas que não avançaram por falta de tempo.
"Não houve tempo para trabalharmos muitas outras [medidas] que apresentámos e eu achei que este trabalho podia ter desenvolvimento e lamento hoje dizer que as eleições já foram há algum tempo, o sindicato tem pedido uma audiência com o ministro Leitão Amaro e ainda não tivemos resposta (...) não sei se isso quer dizer que o diálogo que mantivemos antes acabou", concluiu.
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