Famílias do Bairro do Talude voltaram a dormir ao relento e em tendas

Várias famílias residentes no bairro do Talude Militar cujas casas foram mandadas demolir pela Câmara Municipal de Loures voltaram a dormir esta noite em tendas ou ao relento, disse à Lusa Engels Amaral, do movimento Vida Justa.

Demolições no bairro do Talude

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Lusa
18/07/2025 09:46 ‧ há 2 semanas por Lusa

País

Loures

Em declarações à Lusa, o representante indicou que várias famílias, que não conseguiu quantificar, continuam a dormir no bairro, sem "qualquer alternativa".

 

"As famílias têm tido nos últimos dias apoio alimentar decorrente da campanha lançada pelo Vida Justa. No que diz respeito à Câmara Municipal de Loures, não houve quaisquer desenvolvimentos, mas estiveram ontem [quinta-feira] assistentes sociais no bairro", disse.

Engels Amaral adiantou também à Lusa que no sábado e no domingo a partir das 09:00 vai ser feita uma limpeza no terreno do Bairro do Talude Militar.

"Apelamos a toda a população que queira ajudar que se desloque ao bairro para ajudar nos trabalhos de limpeza do terreno", referiu.

N quinta-feira, a Câmara Municipal de Loures esclareceu que, das 55 famílias que ocupavam as construções precárias demolidas esta semana no Bairro do Talude Militar, 25 não recorreram aos seus serviços sociais e, das 30 que o fizeram, algumas não aceitaram soluções.

"Até ao momento, das 55 famílias que ocupavam as construções precárias entretanto demolidas, 25 não se dirigiram aos serviços sociais da Câmara Municipal de Loures", afirmou o município num comunicado.

"Os 30 agregados familiares que se mostraram disponíveis para receber apoio social são compostos por 54 adultos e 36 crianças", lê-se na nota.

Mas, "dos 30 agregados familiares atendidos pelos serviços de ação social, oito estão a receber apoio da Câmara Municipal de Loures, 14 indicaram ter encontrado alternativa habitacional junto de familiares ou amigos, um recusou o apoio disponibilizado e sete não manifestaram interesse nas soluções apresentadas", destacou.

A Câmara adiantou que, " além das soluções habitacionais e alimentares, foram identificadas 13 pessoas em situação de desemprego, que estão agora a ser acompanhadas pelo Gabinete de Apoio à Empregabilidade e pelo Gabinete de Apoio ao Migrante da Câmara Municipal de Loures, no sentido de promover a sua integração laboral e regularização documental".

Os técnicos dos gabinetes de Apoio à Empregabilidade e ao Migrante estão também desde quinta-feira a prestar apoio direto no terreno, nas instalações de uma associação local.

Os municípios de Loures e Amadora, no distrito de Lisboa, promoveram esta semana operações de demolição de habitações precárias ilegais construídas pelos moradores, onde moravam mais de 100 pessoas.

Loures iniciou na segunda-feira uma operação de demolição de 64 casas, onde vivem 161 pessoas, no Talude Militar, tendo sido demolidas no primeiro dias 51 construções. No segundo dia, chegaram a ir abaixo outras quatro, antes da suspensão das operações por despacho do Tribunal Administrativo de Lisboa, na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores.

Na Amadora, na Estrada Militar da Mina de Água, no antigo bairro de Santa Filomena, está prevista, no total, a demolição da totalidade das 22 construções ilegais, onde vivem cerca de 30 adultos e 14 crianças e jovens. Segundo o município, oito construções já foram abaixo.

Na quinta-feira, o movimento Vida Justa acusou também, numa carta aberta, a autarquia de Odivelas e o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) de realizarem "despejos sem apresentar alternativas habitacionais", confirmados à Lusa por duas moradoras do bairro na Urmeira. A autarquia indicou entretanto que o caso é da responsabilidade do IHRU.

De acordo com Engels Amaral, em menos de 24 horas, mais de duas mil pessoas e 60 organizações assinaram a carta aberta contra os despejos nos concelhos de Amadora, Loures e Odivelas e exigiram uma solução.

Entretanto, o Vida Justa apelou também a que os donativos já pedidos para o Talude Militar sejam entregues em dois locais específicos e não diretamente no próprio bairro, para "respeitar o descanso e a privacidade dos moradores".

Assim, as entregas podem ser feitas na APF Lisboa (Alameda), entre as 10h00 e as 18h00 (dias úteis), ou na FavelaLx (Santa Apolónia), entre as 13h00 e as 22h30. É também possível fazer transferências bancárias (NIB PT50 003502160008117423068).

As necessidades mais urgentes - detalha o movimento - são "comida não perecível, fruta que se conserve durante alguns dias, colchões, muita água, produtos de higiene (como toalhitas, escovas de dentes e artigos de higiene íntima) e sistemas de iluminação --- como lanternas ou holofotes, preferencialmente a pilhas".

[Notícia atualizada às 13h23]

Leia Também: Após despejos, 30 famílias pediram ajuda à Câmara de Loures. E o resto?

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