José Sócrates nega ter recebido dinheiro através do primo

O antigo primeiro-ministro José Sócrates negou hoje, no julgamento da Operação Marquês, ter recebido dinheiro a si destinado através do primo José Paulo Pinto de Sousa, considerado pelo Ministério Público um dos testas-de-ferro do ex-governante.

Trial of former prime minister José Socrates and 20 more suspects

© Lusa

Lusa
10/07/2025 12:20 ‧ há 6 horas por Lusa

País

Operação Marquês

"Nunca recebi nenhum dinheiro do meu primo José Paulo para mim", disse José Sócrates em resposta ao procurador Rui Real sobre alegadas entregas em numerário em 2006 e 2007, em 'tranches', de um total de dois milhões de euros, com origem na esfera do Grupo Espírito Santo (GES).

 

O montante terá sido originalmente transferido por um outro arguido, o empresário Helder Bataglia, para contas na Suíça e, no esquema, terá ainda participado Francisco Canas, que morreu em 2017 e era, à data da morte, um dos principais arguidos no processo "Monte Branco", por suspeita de ter usado uma casa de câmbio em Lisboa para ajudar a branquear milhões de euros no estrangeiro.

Hoje, o antigo primeiro-ministro (2005-2011) assegurou que a primeira vez que ouviu falar de Francisco Canas foi aquando da operação "Monte Branco".

José Sócrates foi questionado sobre o alegado recebimento de dinheiro no âmbito do bloco sobre a estratégia da ex-Portugal Telecom (PT) no Brasil, um dos dossiês nos quais terá, no entender do Ministério Público, sido corrompido, para beneficiar os interesses do GES.

No entanto, as questões mais precisas sobre os presumíveis subornos relacionados com esta e outras questões foram, atendendo à estratégia adotada pelo tribunal para a condução do interrogatório ao ex-governante, remetidas para momento posterior.

No início do terceiro dia do depoimento, José Sócrates reiterou que "não tinha relações diretas com os acionistas da PT", incluindo o ex-banqueiro Ricardo Salgado, e insistiu que, apesar da 'golden-share' que detinha na empresa de telecomunicações, não tinha poder para dar indicações aos investidores.

O antigo chefe de Governo acusou ainda os procuradores de quererem esclarecimentos de natureza política e não criminal, depois de ter sido questionado sobre o porquê de o Estado ter usado aquele mecanismo para chumbar decisões da PT.

"Eu não sei se estamos num julgamento ou no parlamento, porque no parlamento nós avaliamos o mérito das decisões, aqui tratamos de crime", sublinhou.

José Sócrates responde por 22 crimes, incluindo três de corrupção e 13 de branqueamento de capitais.

O processo conta, no total, com 21 arguidos, que respondem globalmente por 117 crimes.

O julgamento começou em 03 de julho, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, estando arroladas mais de 650 testemunhas.

Os arguidos têm, em geral, negado a prática de qualquer ilegalidade.

Leia Também: Sócrates vira-se (outra vez) contra jornalistas: "Perguntas iguais ao MP"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas