Dois reclusos evadiram-se do Estabelecimento Prisional de Alcoentre, pelas 18h20 desta segunda-feira. Uma das torres de vigilância terá ficado inativa naquela zona, de domingo para segunda-feira.
O caso foi avançado pelo Correio da Manhã, que deu conta de que os fugitivos se tratam de Hélder Angélico, de 37 anos, e Augusto Dinis, de 44 anos, que cumpriam penas por roubo e por tráfico de droga, respetivamente.
A mesma fonte noticiou que a fuga, que já estaria planeada, ocorreu depois do jantar. Para o efeito, os dois homens saltaram o muro e recorreram a uma corda.
A evasão já foi participada ao Ministério Público (MP) e às autoridades.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) frisou, em comunicado, que informou as forças policiais para a "recaptura dos evadidos", de nacionalidade portuguesa, que foram condenados pelos crimes de tráfico de estupefacientes e roubo em penas de cinco anos e oito meses de prisão e de quatro anos e nove meses de prisão.
"Internamente irá proceder-se a um processo de averiguações a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção coordenado por magistrado do Ministério Público tendo em vista apurar as circunstâncias da ocorrência", realçou.
Ontem, em Alcoentre, houve um arremesso de telemóveis para dentro da cadeia. A torre de onde eles fugiram ontem estava ativa; detetámos os telemóveis. Hoje, por opção da nossa chefia, decidiram que não ia estar ativa
Torre de vigilância inativa? "Por opção da nossa chefia, decidiram que não ia estar ativa"
Entretanto, o dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Frederico Morais, considerou que esta fuga "é mais uma prova da falência do sistema prisional ao longo destes 10 meses, porque nada foi feito".
"Numa semana fugiram quatro presos. [Houve] tentativas de fuga, duas consumadas, agora uma terceira, e não vemos resolução. Há cada vez menos guardas, mas cada vez nos pedem mais. Hoje, os reclusos fugiram porque não havia guardas prisionais para controlar a periferia da cadeia de Alcoentre", disse, em declarações à SIC Notícias.
Frederico Morais revelou ainda que um dos reclusos tinha sido transferido "de Ponta Delgada, por ter tentado fugir". "Foi colocado numa cadeia com regime semiaberto. Ou seja, nem tivemos cuidado com uma pessoa que estava a ser transferida por tentativa de fuga", disse.
O responsável ressalvou que o fugitivo açoriano "dificilmente conseguirá ir para onde quer que seja", já que "é uma pessoa sem qualquer apoio cá fora".
O outro recluso, que esteve detido em Beja, era "um recetor de tráfico dentro da cadeia e também aproveitou a oportunidade".
"Ontem, em Alcoentre, houve um arremesso de telemóveis para dentro da cadeia. A torre de onde eles fugiram ontem estava ativa; detetámos os telemóveis. Hoje, por opção da nossa chefia, decidiram que não ia estar ativa", complementou.
Frederico Morais foi taxativo e denunciou haver "falta de competência de quem está à frente dos serviços prisionais".
"Temos uma ministra da Justiça que é das melhores que tivemos até hoje, mas escolheu a equipa errada para estar à frente disto. Não consigo perceber como é que, ao fim de 10 meses, continuamos a ter fugas e tentativas de fuga como estamos a ter. Isto parece uma jardim de infância", acrescentou.
[Notícia atualizada às 23h39]
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