Além do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) que se encontra em prisão preventiva por recrutar membros para o Movimento Armilar Lusitano (MAL), há outros elementos das forças de segurança sob investigação por ligações ao grupo neonazi.
De acordo com a SIC Notícias, trata-se de um elemento da Guarda Nacional Republicana (GNR), atualmente em licença de serviço, e de um fuzileiro da Marinha.
Ambos são suspeitos de terem fornecido armas e munições ao chefe da PSP envolvido no caso, Bruno Gonçalves, e de terem entregado fardas camufladas a outro dos quatro arguidos que se encontram agora em prisão preventiva.
No caso do militar da GNR, está atualmente de licença e a viver na Polónia, onde estará a trabalhar no comércio de armas.
Já o fuzileiro da Marinha terá, em 2023, entregue um saco de fardas camufladas a um dos arguidos que se encontra atualmente detido.
Ainda segundo aquela estação televisiva, um dos alegados cabecilhas foi alferes e tenente do Exército entre 2003 e 2006. Em 2008 acabaria por entrar na PSP, no departamento de armas e explosivos, até passar, em 2016, para a Polícia Municipal de Lisboa.
Recorde-se que o agente Bruno Gonçalves é um dos quatro arguidos que ficou em prisão preventiva, dos seis suspeitos de pertencerem ao MAL que foram detidos na passada terça-feira.
Entretanto, têm sido conhecidos outros detalhes da investigação, nomeadamente que seria este elemento o responsável pelas entrevistas presenciais de recrutamento para entrar no grupo neonazi.
Sabe-se ainda que Bruno Gonçalves integrou as listas do partido Ergue-te à Assembleia Municipal de Lisboa como suplente, na eleição de 26 de setembro de 2021.
O chefe da PSP surgia no 15.º lugar da lista dos candidatos suplentes do partido ultranacionalista de extrema-direita ao órgão autárquico, apesar da incompatibilidade com as funções que exercia naquela força de segurança.
Já em 2022, o nome de Bruno Napoleão Gonçalves consta de uma lista referente à "concessão da medalha de comportamento exemplar a polícias da PSP relativas ao 2.º trimestre de 2022". O documento, datado de 3 de julho de 2023, dá conta de que o agente foi reconhecido com uma medalha de prata por “comportamento exemplar”, a 2 de abril do ano anterior.
De acordo com a SIC Notícias, a Direção Nacional da PSP desconhecia qualquer ligação do agente à política. Lembrou, de qualquer modo, que a filiação é incompatível com as funções, bem como que a Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) tem competências para abrir um processo disciplinar, à semelhança do exercido pela Polícia Municipal de Lisboa.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve, na terça-feira, seis suspeitos de pertencerem ao MAL, tendo quatro ficado em prisão preventiva e dois sujeitos à obrigação de apresentação periódica.
Quatro dos arguidos foram indiciados pelo "crime de infrações relacionadas com grupo terrorista e, cada um, também, pela prática de crimes de infração terrorista, relacionada com a detenção e fabrico de armas em 3D com intenção terrorista". Já os dois outros detidos, que serão pais de dois dos arguidos, foram indiciados por "crimes comuns de detenção de arma proibida".
O MAL ambicionava tornar-se num movimento político apoiado por um grupo paramilitar. Os membros estavam, por isso, "a armar-se" e a "recrutar pessoas", para garantirem que tinham "capacidade de treino tática para uma ação" de larga escala.
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