"Nem por um segundo, as incertezas da conjuntura internacional retiram ou diminuem o ânimo reformista a este Governo. Muito pelo contrário: é por sabermos que há sérias dificuldades e incertezas na frente externa, que temos de reforçar e redobrar o nosso esforço e o nosso empenho na frente interna", afirmou Paulo Rangel, na intervenção de encerramento do debate sobre o Programa do XXV Governo Constitucional no parlamento.
O ministro defendeu, em especial, uma das prioridades do Governo: "Vamos reformar o Estado, agilizá-lo, em vez de um Estado flácido e gordo, queremos um Estado forte e elegante, a bem dizer, atlético", disse.
Rangel assegurou que as prioridades do Governo serão feitas com equilíbrio orçamental e dirigiu-se, em particular, ao candidato único à liderança do PS, José Luís Carneiro.
"Vamos fazê-lo com boas contas e com contas certas. Mas não vamos chamar-lhe, à maneira enviesada dos nossos antecessores, contas certas. Vamos chamar-lhes contas justas. Porque elas são certas, mas não são cegas. Elas são justas: estão de olhos abertos para as necessidades concretas das pessoas e para o Estado social", defendeu.
Sobre a situação internacional, o ministro considerou que "Portugal e o mundo vivem a situação geopolítica mais complexa desde a II Guerra Mundial".
"O novo conflito entre Israel e o Irão comporta riscos geopolíticos graves e múltiplos. Impõe-se garantir a máxima contenção às partes e o regresso à via das negociações para impedir o programa nuclear militar do Irão, que sempre condenámos e que constitui, por si só, uma ameaça a todo o Oriente Médio, à existência de Israel e ao mundo em geral", frisou.
Por outro lado, considerou que este conflito "não pode fazer esquecer a invasão russa da Ucrânia", mantendo-se "toda a solidariedade política, militar, financeira".
"E não pode ainda secundarizar a terrível catástrofe humanitária na Faixa de Gaza, com o intolerável bloqueio e condicionamento da ajuda humanitária por parte de Israel", afirmou.
Sobre este conflito, disse que o Governo continuará "a condenar a manifesta desproporção da resposta em Gaza e a política de colonatos na Cisjordânia, a recusar a exportação de armas ou material militar para Israel e a votar favoravelmente todas as resoluções na ONU em prol da solução dos dois Estados e da autodeterminação da Palestina, incluindo a sua entrada como membro de pleno direito da ONU".
"Continuaremos as consultas com os nossos parceiros quanto ao reconhecimento, aguardando com expectativa a Conferência organizada pela França e pela Arábia Saudita, que deveria ter começado hoje mas foi adiada, e da qual esperamos progressos significativos", frisou.
[Notícia atualizada às 12h34]
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