O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou que os casos de violência registados na terça-feira, em Lisboa, "merecem uma perseguição e punição exemplar", mas descartou a necessidade de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tomar uma posição.
Questionado sobre o facto de Montenegro ainda não se ter pronunciado sobre os episódios de violência contra um ator e um carro de adeptos, Paulo Rangel respondeu que a ministra da Cultura fez uma "condenação veemente da violência, neste caso num espaço cultural e contra a liberdade de criação artística, que é algo muito grave".
Rangel sublinhou que a "violência no desporto também é muito grave". "São casos obviamente muito graves e que merecem uma perseguição e punição exemplar", atirou.
"A condenação está feita e é clara: estou eu aqui a fazê-la. Não há razão para estar aqui a fazer uma polémica. Temos de nos concentrar naquilo que é essencial, que é a condenação da violência", acrescentou.
Sobre a eliminação de um capítulo dedicado a organizações extremistas na versão final do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), Rangel afirmou que "essa história está mal contada".
"Essa história está mal contada e eu sei porque acompanhei esses trabalhos", disse, reconhecendo, contudo, que há "motivo de preocupação".
"É muito clara a condenação e é clara a preocupação, que merecerá, evidentemente, uma reflexão e uma atuação", disse.
Sublinhe-se que, na terça-feira, Dia de Portugal, um ator da companhia de teatro A Barraca, Adérito Lopes, foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para o espetáculo com entrada livre "Amor é fogo que arde sem se ver", de homenagem a Camões.
No mesmo dia, quatro adeptos do FC Porto ficaram feridos, dois dos quais com maior gravidade, quando a viatura em que seguiam foi atacada em Lisboa com um engenho incendiário.
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