O primeiro-ministro Luís Montenegro discursou, esta quinta-feira, na tomada de posse dos ministros, anunciados ontem. Entre declarar "guerra à burocracia" ou prometer que a reforma do Estado é mesmo para fazer, disse que na próxima cimeira da NATO será apresentada a antecipação do objetivo de alcançar 2% do PIB nos encargos na área da defesa.
Após o Presidente da República falar, foi a vez de Montenegro, que disse que era com honra que assumiu o cargo em que foi reconduzido: "Assumo o compromisso de continuar a servir Portugal".
"Reitero a nossa firme e leal cooperação institucional e colaboração produtiva", começou por dizer, dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa.
"O povo português falou e decidiu reforçar a confiança no projeto político que lideramos", afirmou, acrescentando que as eleições deram uma "maioria maior" à AD.
Garantindo que o Governo vai "escutar as oposições", Montenegro considerou que "a estabilidade política é uma tarefa de todos" e a que a todos se exigia lealdade.
"O país precisa de quem quer construir e não de quem só pensa em destruir. Ou como disse Agustina [Bessa-Luís]: 'O país não precisa de quem diga o que está errado. Precisa de quem saiba o que está certo'".
Após citar a escritora, Montenegro falou ainda de Francisco Sá Carneiro, para dizer que os portugueses querem que os problemas da Nação sejam resolvidos. "É este objetivo que nos guia. Resolver problemas das pessoas para melhorar condições de vida dos portugueses", atirou, falando da criação de riqueza como catalisador para melhorar em vários aspetos, nomeadamente, soberania, Estado Social e mais.
Da "guerra à burocracia" à segurança que "vale ouro"
Montenegro falou de alguns objetivos do Executivo, nomeadamente, acabar com o excesso de burocracia e falta de agilidade do Estado. "Quero declarar hoje guerra à burocracia", atirou, exemplificando com a demora das respostas e também a existência da "cultura de quintal."
"Aviso, e aviso desde já que nós não confundimos a responsabilidade de ouvir e ponderar com hesitação em agir. A reforma do Estado é mesmo para fazer: mais confiança, menos regras, menos burocracia, mais celeridade. São uma face da moeda onde do outro lado estará transparência, mérito, fiscalização e responsabilização pesada", atirou.
O chefe do Executivo falou ainda dos rendimentos, afirmando que "nenhuma sociedade progride se não for produtiva, e nenhuma sociedade é produtiva se não retribuir dignamente o esforço de trabalho."
Montenegro apontou que a redução de impostos era não só "justo" como também um "estímulo à produtividade", e este será um ponto na estratégia do Governo.
Quanto à imigração, o primeiro-ministro falou mais uma vez do cumprimento de regras, dizendo que quem venha trabalhar, acrescentar e tiver respeito, será recebido de "braços abertos."
A segurança, "pilar da liberdade", é também um "ativo económico", defendeu o primeiro-ministro o mesmo discurso, dizendo que é critério para a escolha de onde se quer trabalhar. "Portugal é um país seguro, mas vale ouro para todos nós preservar Portugal como um dos países mais seguros da Europa e do mundo. Vale ouro para a nossa qualidade de vida e vale ouro para a nossa capacidade de criarmos mais riqueza".
Apresentarei na próxima cimeira da NATO a antecipação do objetivo de alcançarmos 2% do PIB
Na parte final do seu discurso de tomada de posse, anunciou que Portugal vai antecipar o objetivo de atingir o investimento de 2% do PIB em Defesa "se possível já este ano", sem pôr em causa as contas certas ou funções sociais.
Este plano será ultimado "nos próximos dias" e desenvolvido "nos próximos anos", assegurando que dele dará "conhecimento prévio aos dois maiores partidos da oposição", numa referência ao Chega e ao PS.
"Nesse contexto, apresentarei na próxima cimeira da NATO a antecipação do objetivo de alcançarmos 2% do PIB nos encargos desta área, se possível já este ano de 2025", revelou.
E acrescentou: "Um plano realista que não porá em causa as funções sociais e o equilíbrio orçamental."
Montenegro terminou o seu discurso lembrando o Padre António Vieira. "Ensinou-nos que todos que na matéria de Portugal se governaram pelo discurso erraram e se perderam. Portanto, termino dizendo que não será com querelas menores e polémicas palacianas que vamos superar as adversidades. Será com visão, será com capacidade de compromisso, será com coragem de decisão de execução que vamos construir o Portugal que ambicionamos", afirmou, falando das autarquias aos parceiros sociais e passando por mais: "Vamos ao trabalho."
[Notícia atualizada às 19h11]
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