Eduardo Gageiro foi um dos primeiros fotojornalistas a chegar aos cenários do 25 de Abril de 1974, fixando as imagens do encontro dos militares no Terreiro do Paço, do assalto à sede da PIDE, a polícia política da ditadura, e o momento em que o capitão Salgueiro Maia percebeu que a revolução triunfara.
A Assembleia da República (AR) recorda "a marca que o fotógrafo Eduardo Gageiro deixou nos últimos 50 anos no fotojornalismo em Portugal", lembrando que este realizou "diversas reportagens fotográficas, quer das sessões plenárias e da atividade parlamentar comum quer, em especial, nos anos 90 do séc. XX., de Sessões Solenes ou Protocolares, como Visitas de Estado ou de Presidentes de Parlamentos".
"Quer nas icónicas fotografias do 25 de abril de 1974, quer nas décadas que se seguiram, Eduardo Gageiro esteve sempre na vida da Assembleia da República, contribuindo para a memória de muitos momentos da nossa história democrática", lê-se na publicação.
Numa outra publicação da AR, é o seu presidente, José Pedro Aguiar-Branco a manifestar pesar pela morte do fotojornalista, referindo que "o talento e a carreira longa e frutuosa" de Eduardo Gageiro "ajudaram a contar a história da democracia portuguesa".
"Por esse serviço que nos prestou, merece a gratidão cívica de todos", defende.
O deputado Rui Tavares, porta-voz do Livre, escreveu que este ano levou "mais um fotógrafo da liberdade e do humanismo, mais uma testemunha do comum, do autêntico e da história", referindo-se a Eduardo Gageiro como "o menino de Sacavém e do retrato da pobreza e abandono na longa noite da ditadura nacional, mas também da alegria e da liberdade, fundadas a 25 de Abril de 1974".
Também a deputada Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, lembra que através da lente do Eduardo Gageiro conheceram-se "os anos sombrios da ditadura, a esperança da Revolução, o trabalho e a pobreza, a vida de um povo".
"Presto a minha homenagem a quem, década após década, nos mostrou muito do que somos e do que podemos vir a ser", lê-se numa publicação da deputada.
A Câmara Municipal de Lisboa homenageia "um dos maiores fotojornalistas do país", "que acompanhou desde logo os acontecimentos do 25 de Abril, sendo dele algumas das imagens mais icónicas da revolução dos cravos".
Já o presidente daquela autarquia, Carlos Moedas, escreveu sobre o fotojornalista "sempre atento ao mundo", que "retratou a vida nua e crua de um regime e de um povo", a quem "Lisboa estará para sempre agradecida".
Também a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC - Lisboa Cultura), o Museu do Aljube -- Resistência e Liberdade e o Arquivo Municipal de Lisboa, estruturas geridas pela EGEAC, assinalaram a morte de Eduardo Gageiro com publicações nas quais prestam homenagem e lamentam a morte do "nome maior do fotojornalismo em Portugal".
O Museu da Presidência da República prestou "sentida homenagem" a Eduardo Gageiro, "um dos mais notáveis fotógrafos portugueses, cuja lente captou, com rara sensibilidade, a emoção, a luta e os bastidores da democracia". Gageiro foi fotógrafo oficial de Ramalho Eanes durante os anos em que o general foi Presidente da República.
"A fotografia portuguesa perdeu um mestre. A República, um amigo. Mas a sua obra continua connosco --- viva, luminosa e indelével", lê-se na publicação.
Nascido em Sacavém, Lisboa, em 1935, Eduardo Gageiro, que completou 90 anos em fevereiro, deixa um vasto arquivo de uma obra de décadas que ilustra realidades políticas, sociais e culturais do país, modos de vida e personalidades diversas, num registo histórico desde a década de 1950 até à atualidade.
Durante a ditadura, captou imagens das condições precárias em que vivia grande parte da população portuguesa, tendo tido vários episódios em que foi preso pela PIDE, por causa das imagens 'inconvenientes' ao regime.
A agrupamento de escolas de Sacavém batizado com o seu nome também usou as redes sociais para assinalar a morte do "fotógrafo da liberdade", que deixou "um legado imortal através da sua lente, que captou a alma e a história do povo português".
"Para nós, Gageiro foi mais do que um fotógrafo, foi um amigo, um mentor e uma fonte constante de inspiração. Agradecemos profundamente por tudo o que nos ensinou e por sempre podermos contar com o seu apoio. A sua memória viverá em cada um de nós através das imagens que captou", lê-se na publicação.
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