Mais de 6.000 crianças em Portugal vivem com uma medida de acolhimento mas apenas cerca de 300 estão integradas em famílias de acolhimento, um número preocupantemente reduzido face às necessidades identificadas, alerta em comunicado a organização, que apoia crianças e jovens em perigo ou em risco de perder o cuidado parental.
Apesar da existência de algumas famílias inscritas na bolsa nacional de acolhimento, estas continuam a ser insuficientes, situação que diz agravar-se com os atrasos significativos nas decisões judiciais que, por exemplo, mantêm bebés recém-nascidos e crianças pequenas internados durante semanas em unidades hospitalares, sem resposta célere e adequada.
Este desfasamento entre o ritmo das necessidades das crianças e o tempo da resposta institucional aumenta ainda mais a sua vulnerabilidade.
Um dos grandes entraves à mobilização da sociedade para acolher estas crianças, segundo a organização, é a falta de informação sobre o que significa, na prática, ser família de acolhimento.
Também muitas pessoas desconhecerem esta medida de proteção contribui para o reduzido número de famílias disponíveis, além das barreiras adicionais à participação como os receios ligados ao impacto emocional, à exigência do processo e à ausência de apoios adequados.
Ser família de acolhimento exige amor, dedicação e responsabilidade e, embora seja uma resposta temporária, os vínculos criados têm um impacto duradouro na vida das crianças, destacam no comunicado.
As Aldeias de Crianças SOS dizem que é urgente um reforço das estratégias de promoção do acolhimento familiar em Portugal e uma sensibilização da sociedade através de campanhas informativas das diferentes entidades competentes.
Pedem ainda uma simplificação dos processos administrativos, formação e acompanhamento técnico contínuo, além de apoio financeiro e psicológico adequados, redes de apoio entre famílias de acolhimento e uma articulação eficaz entre os vários sistemas, da justiça à saúde, da educação à proteção social.
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