O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu, esta sexta-feira, que "se os alertas da entidade sobre as cirurgias extra "tivessem sido considerados, não estaríamos hoje nesta situação" polémica, relacionada com os 400 mil euros que, pelo menos, um médico do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ganhou em 10 dias.
"Os programas de combate às listas de espera de consultas são absolutamente essenciais para as respostas às necessidades dos doentes e devem ser mantidos", começou por realçar.
Porém, para o responsável, "o sistema precisa de uma mudança profunda, com um plano de gestão robusto, transparente, escrutinável e regulado".
E esse programa deve, segundo Carlos Cortes, assentar vários pontos entre os quais "mecanismos de validação clínica dos atos codificados e implementar verificações independentes e regulares, que assegurem que atos médicos registados correspondem à realidade clínica".
Além disso, devem ser instalados "sistemas de alerta precoce para produção anómola, centralizados na direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", assim como "integrar ferramentas que sinalizem automaticamente padrões anómolos de produção ou codificação".
"Volumes de procedimentos fora do normal desencadearão inspeções imediatas, detetando abusos antes de se geralizarem", sublinhou.
Para bastonário deve ainda haver um "controlo externo regular", assim como "relatórios públicos dessas auditorias, prevenindo desvios e abusos".
Para Carlos Cortes devem ainda haver uma "avaliação rigorosa dos resultados clínicos produzidos" e a Ordem deve estar incluinda, de forma formal, "em todo este processo", seja na criação, operacionalização, monitorização e avaliação, garantindo o apoio técnico e rigor, que tem faltado".
A intervenção do bastonário surge depois de uma reportagem da CNN Portugal ter revelado que, pelo menos, um médico do Hospital de Santa Maria ganhou quase 700 mil euros em 22 dias de trabalho adicionais e esse mesmo profissional esteve quase um ano de baixa em dois de trabalho.
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