A PSP divulgou hoje que registou nos primeiros quatro meses do ano 623 acidentes com utilizadores de velocípedes e trotinetes envolvidos, sem vítimas mortais, mas com 16 feridos graves, porém sem efetuar uma comparação com os números totais de sinistros.
De acordo com os dados divulgados pela própria PSP já este ano, até abril ocorreram 17.538 acidentes (13.121 no primeiro trimestre mais 4.417 só em abril) nas suas áreas de responsabilidade.
Destes, registaram-se 23 mortos (20 no primeiro trimestre e três em abril), 193 feridos graves (135 no primeiro trimestre e 58 em abril) e 5.218 feridos ligeiros (3.888 no primeiro trimestre e 1.330 em abril).
A PSP anunciou a operação "Mobilidade Ativa em Segurança", que arranca hoje e termina em 03 de junho (Dia Internacional da Bicicleta), visando "prevenir e dissuadir os comportamentos de risco dos utilizadores de velocípedes e de veículos equiparados que, de forma decisiva, contribuem para a ocorrência de acidentes rodoviários".
Porém, o número total de acidentes envolvendo trotinetes e velocípedes representou 3,6% do total dos registados pela PSP este ano, bem como a 8,2% dos feridos graves, não tendo sido registadas quaisquer mortes pela PSP.
A MUBi - Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta lembrou hoje, numa carta dirigida ao Diretor Nacional da PSP, que os maiores riscos para a segurança rodoviária vêm de veículos motorizados.
"A fiscalização deve centrar-se nos comportamentos que representam maior risco para a segurança rodoviária e para a vida humana --- e esses continuam, em larga maioria, associados à condução de veículos motorizados", refere a MUBi na carta aberta enviada ao diretor nacional da PSP, em que também assume partilhar "inteiramente o compromisso com a importância de reduzir o perigo rodoviário para todos os utilizadores do espaço público"
A associação manifestou "preocupação" sobre a operação de fiscalização de meios suaves, alertando para "os riscos de uma abordagem desproporcionada, que possa penalizar modos de transporte universais, benignos e sustentáveis, desencorajando inadvertidamente a sua utilização".
"A Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC), na medida E2-11, atribui à PSP e à GNR a responsabilidade de intensificar a prevenção de comportamentos de risco por parte dos condutores motorizados, com vista à proteção dos utilizadores vulneráveis, como os ciclistas", recorda.
A Lusa questionou a PSP acerca da responsabilidade dos acidentes envolvendo trotinetes e bicicletas e aguarda resposta.
Segundo os dados disponíveis no porta da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), mais abrangentes, o número de acidentes a nível nacional chega aos 55.064 até esta terça-feira, tendo provocado 151 mortos, 905 feridos graves e 15.839 ligeiros.
Ao longo deste ano a Lusa também já noticiou várias mortes de ciclistas, em ambiente urbano e fora, mas sem poder apurar as circunstâncias e as responsabilidades dos sinistros.
No seu balanço no primeiro trimestre, do total das contraordenações registadas, a PSP destaca "na sua maioria, aquelas que coincidem com as principais causas da sinistralidade: condução em excesso de velocidade, falta de inspeção periódica obrigatória, uso do telemóvel durante a condução, condução com taxa de álcool no sangue superior ao permitido, falta do uso do cinto de segurança e falta do uso de sistemas de retenção", nenhuma associada a trotinetes ou velocípedes.
Já em abril a PSP contabilizou mais 1.688 condutores em excesso de velocidade do que no período homólogo do ano passado (2.716), o que corresponde a um aumento de cerca de 62%, apontando ainda que 341 infrações foram cometidas por condução alcoolizada e 571 por condutores a usar o telemóvel.
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