"O Governo vai olhar e está a olhar para a decisão, vai - respeitando e discordando - fazer os ajustamentos nas normas que os juízes, que aquela maioria dos juízes, identificou como (...) desconformes à Constituição, ajustá-las-á com um objetivo", afirmou o ministro aos jornalistas em Olhão, precisando que é "necessário reforçar a regulação da imigração".
Leitão Amaro lembrou que houve matérias onde nem o Presidente da República, nem os juízes do Tribunal Constitucional (TC) viram obstáculos, nomeadamente "nos canais CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], no visto de procura de trabalho, num chamado regime transitório", e que "o que foi validado, aplicar-se-á".
"Portanto, nós, com toda a tranquilidade, olhamos para a decisão, percebemos que a decisão do Tribunal Constitucional, que nós respeitamos, é de desconformidade em alguns pontos, e vamos alterar essas normas", disse o governante.
O ministro indicou que esse ajuste será feito de "uma forma respeitadora", mas garantiu aos portugueses que "vai existir mais regulação de imigração em todos estes canais, incluindo no reagrupamento familiar".
O ministro da Presidência esclareceu que vão ser alteradas as cinco normas declaradas inconstitucionais pelo Tribunal e reiterou que a maioria que sustenta o Governo "não abdica" do "objetivo de regular a imigração, também no canal do reagrupamento familiar".
"O Tribunal de Justiça da União Europeia e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos dizem e validam várias das normas que nós aprovámos. Agora é preciso encontrar um ponto que cumpra a decisão do Tribunal Constitucional. Claro, tranquilamente, com toda a tranquilidade institucional, mas com uma firmeza: que os portugueses podem contar com este governo, vão ter soluções", acrescentou.
Sobre a forma e os parceiros para chegar a essa alteração, Leitão Amaro disse que "o Governo e a maioria que o suporta, naturalmente o PSD e o CDS e os seus grupos parlamentares, vão apresentar as soluções e depois dialogar".
"Sempre assim foi, desde há um ano que todas as soluções de regulação da imigração têm origem no Governo, são propostas do Governo e nós, obviamente, depois, no Parlamento, dialogaremos com quem estiver interessado e queira participar nesse processo de regulação", afirmou.
O ministro disse ainda que o "tempo do debate parlamentar e das posições de cada partido virá" e salientou que "houve vários partidos que já se pronunciaram e disseram que (...) queriam contribuir para soluções", sem excluir ninguém, mas fazendo críticas à herança do Governo do PS e do seu atual secretário-geral, José Luís Carneiro, em termos de imigração.
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