Perfil do nadador-salvador tem de ser revisto. Mas como e porquê?

A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS) considera essencial a mudança de perfil do nadador-salvador, a revisão da carreira profissional e a criação de associações sem fins lucrativos para prevenir o afogamento e valorizar o papel desta atividade.

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Lusa
23/05/2025 16:28 ‧ há 4 horas por Lusa

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Nadador-Salvador

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS), Alexandre Tadeia, lembrou a dificuldade, anualmente repetida, no recrutamento de profissionais para a época balnear, tendo em conta o perfil do nadador-salvador e que é de "estudante universitário".

 

A situação atual é de "uma grande falta de nadadores-salvadores portugueses. Não necessariamente do ponto de vista da certificação, porque temos cinco mil e tal pessoas certificadas para isso em Portugal, o problema não está aí, o problema está na disponibilidade das pessoas (...), porque a maior parte são estudantes", explicou.

Como o curso de nadador-salvador obriga a que se tenha mais de 18 anos, Alexandre Tadeia lembrou que quem está mais disponível para trabalhar sazonalmente no verão são os estudantes, e os maiores de idade são estudantes universitários, que só estão disponíveis, devido aos exames académicos, "já a época balnear teve início".

"Este é o perfil de nadador-salvador", reconheceu o responsável, alertando para a necessidade de mudança e adiantando ter sido já entregue aos grupos parlamentares, na anterior legislatura, um manifesto com várias medidas para a valorização dos nadadores-salvadores.

Entre as medidas propostas para a mudança de perfil constam os incentivos fiscais e sociais aos estudantes, bem como a revisão da carreira profissional, nomeadamente a criação de uma carreira especial de nadador-salvador na função pública.

Alexandre Tadeia insistiu ainda na necessidade de haver nadadores-salvadores o ano inteiro na vigilância das praias, o que já acontece nas piscinas, e, com a formação de profissionais, a possibilidade de haver "um grupo maior de pessoas que pudesse também evitar o flagelo que é a morte nas praias fora da época balnear".

Desta forma, considerou, poder-se-ia recorrer menos aos nadadores-salvadores estrangeiros, sobretudo brasileiros e argentinos, que atualmente são contratados logo no início da época balnear.

"Nesta altura do ano, qualquer brasileiro, qualquer argentino que em Portugal tenha o curso e queira trabalhar como nadador-salvador está contratado, não há dúvidas. Portanto, os incentivos, por um lado, a questão da vigilância o ano inteiro, por outro", seriam as primeiras respostas para a resolução do problema, avançou.

Alexandre Tadeia alertou também, na questão da contratação, para a existência de "um empurrar das autarquias para os concessionários", embora desde 2018 sejam as autarquias as responsáveis pela assistência aos banhitas.

O presidente da Fepons alertou também para o facto de os jovens serem aliciados com um ordenado de cerca de 1.500 euros a recibos verdes, um verão inteiro, 60 horas por semana.

"A contratação a recibo verde é para trabalhar entre as 56 horas, no mínimo, e as 70 horas (máximo) por semana. (...) Nós, às vezes, temos de andar a explicar aos jovens (...) [que] 1.500 euros para 60 horas por semana equivale a estar a receber abaixo do salário mínimo nacional", acrescentou.

De entre as propostas para resolução dos problemas com a atividade, Alexandre Tadeia defende a criação de Associações de Nadadores-Salvadores, à semelhança do sistema dos bombeiros, em que cada zona teria uma associação "organizada, coordenada por nadadores-salvadores", prática que já se encontra instalada nos Estados Unidos.

"Diz-se que as câmaras [municipais] não querem criar um departamento de assistência aos banhistas. Então, criam-se associações. Cada associação com uma zona, mas associações sem fins lucrativos", acrescentou, sendo estas licenciadas pelo Instituto de Socorros a Náufragos.

A abertura da época balnear deste ano, que será feita de forma progressiva, teve lugar no dia 01 de maio, nos concelhos de Cascais e Oeiras, do distrito de Lisboa, e nos municípios de Porto Moniz e Porto Santo, no arquipélago da Madeira.

Numa segunda fase, a partir de 15 de maio, está prevista a abertura da época balnear nas praias do concelho de Albufeira (distrito de Faro) e, numa terceira, a partir de 01 de junho, as zonas balneares do centro e sul do país.

Já a partir de 15 de junho, decorrerá a abertura da maioria das praias do norte do país.

Nas águas interiores, o início da época balnear vai ocorrendo entre junho e julho.

Leia Também: Vai à praia no fim de semana? Cuidado com protetor solar do ano passado

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