O julgamento de Fernando Valente, acusado do homicídio de Mónica Silva, que ficou conhecida como a grávida da Murtosa, prossegue hoje para mais uma sessão à porta fechada, no Tribunal de Aveiro.
A sessão ficou marcada, segundo o que o advogado dos filhos da vítima disse à agência Lusa, pelos "depoimentos emotivos" do pai e da irmã mais nova e pela tentativa – sem sucesso – por parte da mãe de Mónica de se aproximar do arguido.
Além disso, de acordo com o programa Linha Aberta, da SIC, durante o dia de ontem foram também analisadas mensagens trocadas entre Mónica Silva e Fernando Valente, no final de 2022, o que contraria a versão do arguido de se ter tratado de um simples encontro.
Já o Correio da Manhã revela, esta quinta-feira, que na tarde de ontem foram entregues ao tribunal de júri mensagens trocadas entre Mónica e a irmã gémea, Sara, que, de alguma forma, provam que a desaparecida se relacionaria com Fernando Valente.
Através das mensagens mostradas hoje pelo matutino é possível perceber que Mónica falaria de forma recorrente (e próxima) com o arguido. "E o Valente?", questiona Sara a certa altura, a que Mónica responde: "disse que vai ver".
Por sua vez, o Jornal de Notícias (JN) conta que a mãe da vítima garantiu ontem em tribunal, que ouviu a filha marcar um encontro com o arguido antes de desaparecer.
Segundo Celeste Barbosa, no domingo antes do desaparecimento - terça-feira, 3 de outubro de 2023 -, Mónica estava em casa dos pais quando falou com Fernando Valente, com o telemóvel am alta-voz e combinaram um encontro para segunda-feira.
Encontro este que acabou por ser reagendado para terça-feira, devido ao facto do arguido se sentir cansado na segunda-feira, de acordo com o que contou a testemunha.
Celeste Barbosa garantiu ainda que a filha revelou-lhe que o filho que esperava era de Fernando Valente, mas que este queria manter o relacionamento e a gravidez em segredo, tudo porque Mónica era pobre e ele pertence à "alta sociedade".
Motivação do crime estará relacionada com a gravidez de Mónica
O julgamento realizado com tribunal de júri (composto por três juízes de carreira e oito jurados), está a decorrer à porta fechada, sem a presença de público e jornalistas, porque a juíza titular do processo determinou a exclusão da publicidade da audiência de julgamento e demais atos processuais, para proteger a dignidade pessoal da vítima face aos demais intervenientes envolvidos, nomeadamente os seus filhos.
Fernando Valente, que teve uma relação amorosa com a vítima que terá resultado numa gravidez, está acusado dos crimes de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.
O arguido, que se encontra em prisão domiciliária, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em novembro de 2023, mais de um mês depois do desaparecimento da mulher, de 33 anos, que estava grávida com sete meses de gestação.
O MP acusa o arguido de ter matado a vítima e o feto que esta gerava, no dia 03 de outubro de 2023 à noite, no seu apartamento na Torreira, para evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade e beneficiassem do seu património.
A acusação refere ainda que durante a madrugada do dia 4 de outubro e nos dias seguintes, o arguido ter-se-á desfeito do corpo da vítima, levando-o para parte incerta, escondendo-o e impedido que fosse encontrado até hoje.
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