À saída da sala de audiências, durante a pausa para o almoço, o advogado Falé de Carvalho, que representa os filhos mais novos de Mónica Silva, disse que o Tribunal decidiu alterar a ordem das testemunhas da acusação, dando primazia à família da desaparecida.
"O Tribunal achou por bem alterar a ordem do rol de testemunhas e dar primazia à família, devido aos acontecimentos de ontem [terça-feira]", registados durante a saída do arguido do Tribunal, com a mãe de Mónica Silva a tentar aproximar-se do arguido, sem sucesso, explicou o advogado.
Assim, a inquirição da inspetora da Polícia Judiciária que estava prevista para o início desta sessão foi adiada sem data, tendo sido ouvidos o pai e a irmã mais nova de Mónica Silva.
"Foram depoimentos muito emotivos (...). Falou-se muito de sentimentos e nessa parte houve choros", descreveu o advogado.
Falé de Carvalho referiu ainda que estes depoimentos foram feitos na presença do arguido, que está a ser protegido por dois polícias e que, segundo o mesmo, tem estado "muito discreto e calado".
Da parte da tarde, o tribunal continuará a ouvir a irmã mais nova de Mónica Silva, seguindo-se outros familiares da desaparecida, nomeadamente a mãe e as primas.
O advogado referiu ainda que o depoimento da irmã gémea de Mónica Silva, que também estava previsto para hoje à tarde, foi adiado sem data, adiantando que este é considerado o depoimento mais importante, na ótica da família, porque ela "era a pessoa com quem ela desabafava diariamente".
O julgamento realizado com tribunal de júri (composto por três juízes de carreira e oito jurados), está a decorrer à porta fechada, sem a presença de público e jornalistas, porque a juíza titular do processo determinou a exclusão da publicidade da audiência de julgamento e demais atos processuais, para proteger a dignidade pessoal da vítima face aos demais intervenientes envolvidos, nomeadamente os seus filhos.
Fernando Valente, que teve uma relação amorosa com a vítima que terá resultado numa gravidez, está acusado dos crimes de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.
O arguido, que se encontra em prisão domiciliária, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em novembro de 2023, mais de um mês depois do desaparecimento da mulher, de 33 anos, que estava grávida com sete meses de gestação.
O MP acusa o arguido de ter matado a vítima e o feto que esta gerava, no dia 03 de outubro de 2023 à noite, no seu apartamento na Torreira, para evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade e beneficiassem do seu património.
A acusação refere ainda que durante a madrugada do dia 04 de outubro e nos dias seguintes, o arguido ter-se-á desfeito do corpo da vítima, levando-o para parte incerta, escondendo-o e impedido que fosse encontrado até hoje.
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