O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), José Manuel Moura, fez, esta quarta-feira, um balanço sobre a falha na rede elétrica que atingiu Portugal na segunda-feira, esclarecendo, nomeadamente, que o estado de alerta foi elevado para laranja por "precaução."
"Volvidas 48 horas ainda não sabemos a causa deste evento, deste apagão", afirmou o responsável, em conferência de imprensa, dando conta de que as primeiras falhas foram registadas por volta das 11h33 e que às 13h os comandos regionais estavam a receber informações sobre como agir.
"Às 13h15 houve estabelecimento de prioridades e monitorização, o abastecimento de combustível aos hospitais, centros de diálise e deficiência respiratória crónica", detalhou, esclarecendo que também aí foi solicitado um o ponto de situação em aeroportos e estações de metropolitano. "Mesmo antes da reunião formal do Centro de Coordenação Operacional Nacional [CCON]", adiantou.
As mensagens de aviso não são prioritárias face ao restante tráfego
Segundo José Manuel Moura, foi às 17h15 que se iniciou o processo de envio de mensagens à população, "ainda com pouca informação, porque o que sabíamos era que tinha havido um apagão e não tínhamos informação concreta".
"As comunicações com os operadores e clientes foram seriamente afetadas", recordou, dando conta de que os dados preliminares "apontam para a receção do aviso por cerca de 2,5 milhões de clientes nacionais". O responsável esclarece que "não existiu a confirmação de que o SMS tenha chegado a clientes internacionais" e que "taxa global de entrega terá sido inferior a 50%" (uma taxa que diz ser inferior à registada noutras instâncias similares, em que a entrega é de 95%).
"O que está em causa foi a falta de cobertura de rede, equipamentos móveis sem bateria, sobrecarga dos centros dos SMS. Recordo que as mensagens de aviso não são prioritárias face ao restante tráfego", explicou.
O responsável continuou a elencar os eventos de forma cronológica, dando conta de que depois, às 18h28, houve "publicação nas redes sociais para a população evitar deslocações desnecessárias."
CCON e a emissão do aviso laranja
José Manuel Moura recordou que foi às 19h30 que houve emissão de um comunicado técnico-operacional de nível laranja. "Tem havido aqui alguma informação que em bom rigor não retrata o que se passou", acusou, justificando a decisão deste alerta: "A decisão do CCON em ter elevado o estado de alerta para nível laranja teve por base os princípios da prevenção e da precaução."
Segundo o responsável da ANEPC, o fator "imprevisibilidade" teve o seu peso: "A imprevisibilidade de evolução do cenário geral, da reposição do fornecimento de energia, o ritmo de ativação de âmbito distrital [...] e eventual aumento dos transportes intra-hospitalares em caso de afetação de hospitais."
"A esta hora, tínhamos alguns sinais de recuperação nalguns concelhos - nomeadamente, Abrantes e Santarém", anunciou, acrescentando que, simultaneamente, muitos outros concelhos estavam a ser "seriamente afetados" no sistema de bombagem, ou seja, com problemas no abastecimento de água.
"Começámos a prever que íamos ter necessidade em absoluto de ter um reforço de meios, nomeadamente, de abastecimento de água à população", afirmou.
José Manuel Moura considerou ainda que a resposta operacional "foi sempre adequada" e enfatizou que a necessidade de reforço a partir das 20 horas tinha a ver com "aquilo que era expetável vir a acontecer", mas que "felizmente", não aconteceu.
"A previsão não aconteceu, não se verificou o pior cenário. Não tivemos necessidade de recorrer aos meios que o estado de alerta especial nível laranja nos permitia ter. Nunca esteve em causa a boa prestação de socorro a qualquer evento que aconteceu", garantiu.
À Lusa, Mário Silvestre explicou ainda que o Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON) foi informado pelo SIRESP de que poderia haver uma falha total do serviço durante a madrugada de terça-feira e que esta foi (também) uma das razões pelas quais foi ativado o alerta laranja.
Durante a falha de energia que ocorreu na segunda-feira registaram-se várias "quebras do SIRESP", mas poderia haver "uma quebra total às 5 horas da manhã", revelou Mário Silvestre.
[Notícia atualizada às 12h29]
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