O apagão registou-se às 11:30 de Lisboa e a situação estendia-se a toda a Península Ibérica e parte do território francês, confirmou a REN -- Redes Energéticas Nacionais ao final da manhã, avançando que os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia já estavam a ser ativados.
Pouco depois das 15:00, mais de três horas após o corte energético e depois de serem divulgadas várias notícias falsas sobre as causas, o primeiro-ministro falou aos jornalistas e afirmou que "tudo aponta" para que a origem da falha de energia esteja na interconexão com a Espanha, admitindo que "nada está afastado", mas não existem quaisquer indicações de um ataque cibernético.
Também o Centro Nacional de Cibersegurança já tinha confirmado que não foram identificados indícios que apontem para um ciberataque na falha na rede elétrica que está a afetar Portugal e outros países europeus.
A primeira explicação chegou da distribuidora de energia espanhola Red Electrica, que adiantou tratar-se de um "incidente excecional", provocado por uma flutuação muito brusca no fluxo de energia da rede, de origem desconhecida, que provocou a desconexão de Espanha do restante sistema elétrico europeu.
Esta versão foi confirmada pela REN, que adiantou que, àquela hora, o sistema elétrico português "estava num momento de importação".
Na sequência do apagão, vários serviços essenciais conseguiram manter-se em funcionamento com recurso a geradores, como os sistemas telefónico e informático do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), hospitais e estabelecimentos prisionais.
O INEM admitiu no entanto que a meio da tarde perdeu o contacto com algumas ambulâncias, motas e viaturas de emergência médica, tanto via telemóvel, como através do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).
Também os aeroportos da ANA acionaram os geradores de emergência, mas em Lisboa centenas de voos foram cancelados no Aeroporto Humberto Delgado e vários foram desviados para outros aeroportos, deixando milhares de passageiros "à porta".
Ao final da tarde, a REN disse esperar que a eletricidade seja restabelecida em todo o país durante a noite.
O fornecimento de energia foi restabelecido em algumas zonas dos distritos de Santarém e do Porto, próximas das centrais hídrica de Castelo de Bode (localizada no concelho de Abrantes, distrito de Santarém) e termoelétrica da Tapada do Outeiro (Gondomar, distrito do Porto), onde a produção de eletricidade foi recuperada.
A REN espera conseguir recuperar a eletricidade na zona do Grande Porto dentro de duas horas e os consumos prioritários na Grande Lisboa dentro de cinco a seis horas, avançou o administrador João Faria Conceição.
Lisboa demorará mais tempo devido à existência de menos centrais elétricas nas proximidades, mas através da Central de Castelo de Bode e alguma capacidade de ligação retomada com Espanha há cerca de uma hora, poderão avançar progressivamente.
Em várias zonas do país, a realidade de hoje foi marcada por comércio e restauração fechados, farmácias sem poder vender medicamentos, trânsito intenso e ruas sem semáforos.
Nos transportes, o serviço do Metropolitano de Lisboa encerrou, mantendo-se em circulação os autocarros da Carris Metropolitana.
No Porto, a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto manteve a sua operação em pleno funcionamento, à exceção dos elétricos históricos que pararam, enquanto a circulação do Metro do Porto está parada.
Vários postos de combustível estão a condicionar o abastecimento, as comunicações móveis tiveram perturbações ao longo do dia e algumas operadoras limitaram o uso de dados móveis para garantir a funcionalidade dos serviços essenciais.
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