Comarca do Seixal é a 2.ª do país com mais queixas de violência doméstica

A comarca do Seixal, no distrito de Setúbal, é a segunda do país com mais queixas registadas em 2024 por suspeita de crime de violência doméstica, tendo sido instaurados 2.370 processos, disse hoje ministra da Justiça.

Ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice,

© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
17/02/2025 18:38 ‧ 17/02/2025 por Lusa

País

Seixal

uma das duas comarcas do país que, não tendo um Gabinete de Apoio à Vítima, recebeu mais queixas por este crime. Só a comarca do Porto teve mais queixas do que o Seixal", disse Rita Alarcão Júdice na inauguração do 12.º Gabinete de Apoio à Vítima do crime na secção do Seixal do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

 

O Continente conta, atualmente, com 10 GAV a funcionar em Aveiro, Braga, Coimbra, Faro, Leiria, Lisboa-Norte, Lisboa-Oeste, Lisboa-Sul (Almada), Porto-Este (Famalicão) e Setúbal.

A estes dez juntam-se agora mais dois, nas comarcas com maior número de queixas de violência doméstica: o GAV Porto e o GAV Seixal.

"Pergunto-me: Quantos mais serão precisos? Até onde vão estes números que ceifam vidas, destroem famílias e marcam com traumas o futuro de muitas crianças? Até quando? O crime de violência doméstica foi o crime mais participado em 2023, com quase 30 mil queixas", adiantou a ministra.

Rita Alarcão Júdice destacou ainda que, de toda a criminalidade violenta, o crime de violência doméstica é a segunda causa de morte no nosso país, em pleno século XXI.

"Estamos no distrito onde morava Alcinda Cruz antes de morrer, violentamente, em sua casa, numa noite de janeiro à frente dos filhos", disse a ministra, acrescentando que a morte desta mulher, assim como de outras por crimes de violência doméstica, deve pesar na consciência de todos.

O gabinete hoje criado, explicou, surge na dimensão do apoio às vitimas, tratando-se de uma iniciativa conjunta do Ministério da Justiça, da Procuradoria-Geral da República e em colaboração com a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).

Na sua intervenção, a ministra quis deixar uma mensagem às vítimas de violência doméstica, indicando que "não estão sozinhas", que "há pessoas que podem ajudar e que há ajudas disponíveis" e que devem denunciar o crime aos amigos, aos colegas e às autoridades.

"Tenham coragem de se libertar da violência de parceiros atuais ou antigos. Têm direito a viver seguras e sem medo. Se houver dúvidas sobre se um comportamento é normal ou não, perguntem. Se têm dúvidas se são vítimas de violência doméstica ou não, perguntem. É também para isso que os GAV existem", disse.

O trabalho do GAV, explicou, passa, por exemplo, por acompanhar as vítimas quando prestam declarações perante os magistrados, dar-lhes informação imediata no momento da denúncia sobre os seus direitos, como a possibilidade de recorrerem ao apoio judiciário, entre outros.

Para o Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, a prevenção e combate à violência doméstica e aos homicídios neste particular contexto, bem como a efetivação dos direitos das vítimas de crime e a promoção de medidas de apoio e de proteção é uma prioridade.

Amadeu Guerra adiantou que o Ministério Público apresentou a sua estratégia em matéria de violência doméstica (2025-2027) com três desígnios: Combater o crime, concretizar os direitos das vítimas e promover as medidas de apoio e proteção.

Este novo gabinete de apoio, adiantou, contribuirá para a concretização dos três desígnios.

"Estamos seguros de que, conjugando as vontades e esforços, este novo GAV constituirá um valioso contributo na promoção dos direitos das vítimas e testemunhas de crimes, com melhoria das respostas às suas necessidades", disse.

Para o procurador-geral, o GAV pode ajudar as vítimas a ultrapassar as consequências negativas do crime, reforçando a sua capacidade para fornecerem o seu melhor testemunho possível e contribuírem para a realização da justiça.

Manuela Tavares, fundadora da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), considerou que o dia de hoje representa mais um passo no combate à violência doméstica e violência de género, mas vincou que, apesar do número de participações estar a aumentar, um grande número de processos são arquivados e existem poucas condenações.

Apesar de ser um crime público desde 2000, frisou, ainda hoje a prova do crime continua muito dependente da vítima, com diligências judiciais penosas, pelo que se congratula com a continuidade do caminho iniciado em 2019 de criação destes gabinetes para melhorar a comunicação e a articulação entre as ONGS e os tribunais, bem como na qualificação dos espaços judiciais para o acolhimento, apoio e atendimento às vítimas de violência doméstica e de género.

Violência doméstica?

Violência doméstica? "Deve pesar-nos na consciência", frisa ministra

A ministra Rita Alarcão Júdice defendeu que uma morte por violência doméstica deve também "pesar em toda a sociedade que ainda educa para a violência e que ainda educa para a desigualdade entre homens e mulheres".

Notícias ao Minuto | 16:56 - 17/02/2025

[Notícia atualizada às 19h49]

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