Incêndios/Madeira: "Erro grave" dizer que "estava tudo controlado"

O engenheiro geólogo João Baptista defendeu hoje, na comissão de inquérito sobre o incêndio de agosto na Madeira, "rigor na comunicação feita à população" durante as catástrofes, considerando um "erro grave" dizer que "estava tudo controlado quando não estava".

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Lusa
06/11/2024 19:13 ‧ há 4 semanas por Lusa

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Engenheiro

"<span class="news_bold">Dizer que estava tudo controlado, quando não estava é um erro grave", afirmou o também professor e investigador da Universidade de Aveiro, na comissão de inquérito na Assembleia Legislativa da Madeira para "apuramento de responsabilidades políticas no combate aos incêndios ocorridos entre 14 e 26 de agosto", requerida pelo PS, o maior partido da oposição.

 

De acordo com uma nota enviada pelo parlamento madeirense, o engenheiro considerou que a sociedade tem "falhado na prevenção dos incêndios" e recomendou a elaboração de um plano estratégico de longo prazo, de forma a preservar a espécie humana, assim como as restantes espécies.

João Baptista defendeu um conjunto de medidas para prevenir os incêndios, destacando a necessidade de "apostar na prevenção, na limpeza dos terrenos e na reflorestação", de "vigilância permanente do território sempre que as condições climatéricas sejam favoráveis aos incêndios" e atenção redobrada aos pirómanos.

Além disso, defendeu, é também necessário proibir a utilização de artigos pirotécnicos quando as condições climatéricas são adversas e podem potenciar incêndios, apostar na educação para a cidadania e formar sapadores florestais.

O engenheiro geólogo alertou, por outro lado, para a quantidade de biomassa, sobretudo troncos, que está nas zonas atingidas pelo incêndio de agosto e que poderá potenciar a ocorrência de aluviões.

A extensão de faixas corta-fogo a outros concelhos da região, a alteração do tipo de espécies plantadas e uma "avaliação e contabilização dos prejuízos provocados pelos vários incêndios que assolaram a Madeira ao longo dos anos", foram outras das sugestões do investigador da Universidade de Aveiro.

Segundo o parlamento insular, na reunião de hoje foram aprovados dois requerimentos da Iniciativa Liberal a solicitar o relatório ao Instituto de Florestas e Conservação da Natureza e a pedir uma audição parlamentar do responsável na Madeira pela Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR.

A comissão de inquérito iniciou as audições em 29 de outubro com o secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, que reiterou que a estratégia adotada no combate ao incêndio em agosto foi correta, não havendo registo de mortos, feridos ou danos graves, sublinhando também que a região nunca recusou a ajuda externa, apesar de só ter sido ativada quatro dias após o início do fogo.

Já foram igualmente ouvidos o investigador do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil Duarte Caldeira, assim como o antigo diretor das Florestas da Madeira, Miguel Sequeira.

O presidente do Governo Regional decidiu responder por escrito aos deputados, que devem entregar até domingo as perguntas que pretendem colocar a Miguel Albuquerque.

Na segunda-feira, às 10:00, é ouvido, por videoconferência, o secretário-geral do Sindicato Nacional da Proteção Civil, José Costa Velho.

Até ao final do mês estão ainda agendadas audições a diversas entidades e outras serão posteriormente agendadas.

O incêndio rural deflagrou na ilha em 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava "totalmente extinto".

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.

Leia Também: Governo lança concurso para estabilizações de emergência após fogos

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