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"Não sei o que se passou entre os dias 12 e 29. Gostaria de saber"

Ao traçar a linha do tempo, Ana Jorge assumiu ter sido apanhada de "surpresa" pela sua exoneração, uma vez que "tinha estado com a senhora ministra no dia 12 de abril", numa reunião em que lhe "disse que a situação estava a ficar mais composta".

"Não sei o que se passou entre os dias 12 e 29. Gostaria de saber"
Notícias ao Minuto

23:52 - 15/05/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Ana Jorge

A provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Ana Jorge, reiterou, esta quarta-feira, ter sido surpreendida pelo anúncio de que a Mesa do organismo seria exonerada, tendo, uma vez mais, refutado as acusações de "total inação" e má gestão proferidas pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho.

A antiga responsável, que esteve esta quarta-feira diante do Parlamento, responsabilizou a anterior gestão pelo "desastre financeiro" com que se deparou, no programa 'Grande Entrevista', da RTP 3.

Ao traçar a linha do tempo, Ana Jorge assumiu ter sido apanhada de "surpresa", uma vez que "tinha estado com a senhora ministra no dia 12 de abril", numa reunião em que lhe "disse que a situação estava a ficar mais composta".

"Transmiti-lhe que estaria disponível para continuar. Ela disse que sim, fez-me várias perguntas. [...] Disse que confiava, inclusive quantos lugares é que tinha vagos na mesa para colocar as pessoas", apontou, ao mesmo tempo que confessou ter ficado "preocupada" com algumas questões.

É que, recordou, a ministra ter-lhe-á perguntado quanto ao número de pessoas que pensava dispensar, o lhe deixou com "um sabor amargo".

"O que lhe disse foi que nas medidas de reestruturação tínhamos reduzido cargos de chefia; não foram despedimentos", indicou, tendo ressalvado que o tema foi introduzido pela ministra e pelo seu adjunto, ao contrário do que disse a responsável pela tutela.

Ana Jorge reconheceu ainda que "há trabalhadores a mais e há trabalhadores a menos", pelo que a sua administração optou por "diminuir entradas e só podíamos contratar se saíssem dois [trabalhadores]".

"Cortes teriam de ser pensados e ponderados", disse, ao mesmo tempo que deu conta de que "não tinha um plano de reestruturação que incluísse despedimentos". "Entregámos um relatório com todas as medidas financeiras, que foram suficientes para finalizar ao ano de 2023 com um resultado positivo", assegurou.

Perguntou se queria pôr o lugar à disposição ou se queria ser exonerada. [...] Foi decidido que nenhum de nós meteria o lugar à disposiçãoQuestionada quanto a eventuais lugares guardados para antigos membros de partidos, o que poderia explicar o número elevado de trabalhadores, a ex-provedora admitiu que "durante alguns anos isso aconteceu transversalmente, em todas as alterações políticas e partidárias".

Já numa segunda reunião, a 29 de abril, "a senhora ministra disse que o Governo tinha decidido mudar a mesa toda". "Perguntou se queria pôr o lugar à disposição ou se queria ser exonerada. [...] Foi decidido que nenhum de nós meteria o lugar à disposição", disse.

Ainda que não considere que tenha havido saneamento político, Ana Jorge indicou que desconhece o que aconteceu naquele espaço de tempo.

"Não sei exatamente o que se passou entre os dias 12 e 29. Gostaria de saber, mas não sei", confessou.

Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia foi investigada devido a suspeitas relacionadas com os investimentos feitos no estrangeiro. Chegou a ser feita uma auditoria à instituição, mas a mesa ordenou que todas as operações fossem concluídas. 

A forma como a provedora Ana Jorge conduziu este processo foi alvo de várias críticas. 

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa enviou para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas o relatório sobre a auditoria externa feita à Santa Casa Global no Brasil, confirmou em fevereiro deste ano a instituição à Lusa.

A instituição referiu, no entanto, que a auditoria externa, da responsabilidade da BDO, "ainda não está totalmente concluída, devido a dificuldades na obtenção de documentação administrativa e financeira relativa a participadas" no Brasil.

No dia seguinte, o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, acusou a atual administração da instituição de estar apostada em desacreditar e denegrir a anterior gestão, além de construir falsas narrativas sobre o projeto de internacionalização.

Leia Também: IL propõe comissão de inquérito à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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