Meteorologia

  • 06 MAIO 2024
Tempo
18º
MIN 13º MÁX 20º

Arguidos no caso de tráfico humano no Alentejo recorrem da decisão

Pelo menos seis arguidos no processo de uma alegada rede que contratava imigrantes para a agricultura no Alentejo recorreram da decisão instrutória e um apresentou um pedido de 'habeas corpus', revelou hoje o advogado que os representa.

Arguidos no caso de tráfico humano no Alentejo recorrem da decisão
Notícias ao Minuto

15:28 - 08/04/24 por Lusa

País Justiça

O advogado Pedro Pestana, que defende seis dos 47 arguidos pronunciados neste processo indicou hoje à agência Lusa que os recursos da decisão instrutória foram interpostos no Tribunal da Relação de Évora (TRE).

Já o pedido de libertação imediata ('habeas corpus') do único dos seus seis clientes em prisão preventiva foi apresentado no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Lisboa.

O advogado considerou que "o debate instrutório foi muito conturbado" e a decisão instrutória tem "nulidades insanáveis".

"A juíza só teve oito dias para se inteirar do processo, que é um megaprocesso. De tráfico de seres humanos é o maior, com 39 volumes, 122 apensos, imensas escutas e muita prova", salientou, frisando que "não era humanamente possível dar uma decisão instrutória dentro desse prazo".

O processo, disse, "esteve um ano, três meses e 22 dias em Lisboa" e transitou para o Tribunal de Cuba, no distrito de Beja, quando faltavam oito dias para o prazo máximo da prisão preventiva de alguns dos arguidos.

"Foi tudo feito à pressa" e, durante o debate instrutório, argumentou o advogado, foi-lhe cortada a palavra, os guardas prisionais ficaram sem almoçar a as defesas chegaram a sentar-se no banco dos réus, numa sessão, por indisponibilidade de uma sala maior.

Quanto às nulidades insanáveis que entende existirem, Pedro Pestana aludiu ao período entre a notificação e a data designada para o debate instrutório, sublinhando que "não foi respeitado o prazo previsto na lei" de um mínimo de cinco dias.

No debate instrutório, foram apresentadas várias reclamações pelos advogados, duas delas da sua autoria, acrescentou, explicando que uma deveu-se à recusa da juíza em ouvir as testemunhas de defesa.

"Todas as testemunhas de defesa foram indeferidas, como se só valessem as testemunhas arroladas pela acusação", lamentou, questionando: "Onde fica o contraditório e o princípio da paridade de armas entre defesa e acusação".

O causídico criticou o trabalho do Ministério Público (MP), argumentando que, além de "pouco ou nada" descrever sobre a conduta de cada um dos arguidos, "meteu tudo no mesmo saco", já que "todos foram acusados de tudo".

"O MP praticou a técnica da pesca de arrasto, através da qual mandou apanhou o peixe grande, peixe pequeno e o que não é peixe", lamentou.

Os seis arguidos que representa, estavam "acusados de 343 crimes, mas só foram pronunciados por 29 crimes".

"Não deviam ser pronunciados, porque a maior parte dos crimes caiu e, se eu tivesse tido oportunidade de produzir prova, se calhar, caíam todos", acrescentou.

O processo envolveu a acusação pelo MP de um total de 51 arguidos, mas, a 27 de março passado, a juíza determinou que vão a julgamento 47 pessoas e três não foram pronunciados por qualquer crime.

"Na pendência dos autos uma das arguidas faleceu, pelo que foi declarado extinto o procedimento criminal relativamente à mesma", revelou à Lusa a juíza do Tribunal de Cuba responsável pela instrução do processo.

Os 47 arguidos vão ser julgados em coautoria material e concurso efetivo pela prática de um crime de associação criminosa, estando seis deles pronunciados por 20 crimes de tráfico de pessoas, quatro por outros oito crimes idênticos e oito também por sete destes crimes.

Há 35 arguidos que vão responder por um crime de branqueamento de capitais, estando ainda, segundo a decisão instrutória, pronunciados arguidos por detenção de arma proibida e tráfico de droga.

Este caso remonta a 23 de novembro de 2022, quando a Polícia Judiciária (PJ) efetuou uma operação no distrito de Beja em que deteve 35 suspeitos "fortemente indiciados" por crimes de associação criminosa, tráfico de pessoas, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, entre outros.

Leia Também: Embaixada de Portugal conta diariamente história de sete moçambicanas

Recomendados para si

;
Campo obrigatório