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Caos nas urgências? "Fluxo muito grande" dificulta atendimento rápido

Manuel Pizarro destacou que só devem recorrer às urgências dos hospitais "as pessoas que estejam gravemente doentes".

Caos nas urgências? "Fluxo muito grande" dificulta atendimento rápido
Notícias ao Minuto

11:39 - 03/01/24 por Daniela Carrilho com Lusa

País SNS

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, comentou, esta quarta-feira, o caos que se tem vivido nas urgências hospitalares por todo o país, assumindo que "quando há fluxos muito grandes é mais difícil que o atendimento seja feito de forma pronta".

"Os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão a fazer um esforço muito grande para atender os portugueses nas melhores condições possíveis. Claro que quando há fluxos muito grandes, como tem ocorrido em alguns dias, é mais difícil que esse atendimento seja feito de forma pronta", afirmou Pizarro, em declarações aos jornalistas, em Coimbra.

O ministro da Saúde destacou ainda que se tem "insistido muito" para que "só recorram às urgências dos hospitais as pessoas que estejam gravemente doentes".

Em todos os casos, antes de o fazerem, devem estabelecer "um contacto com o 112 ou com a linha SNS 24", assumindo que se tem registado um "aumento muito significativo" de contactos com a linha de emergência.

De 26 de dezembro até 2 de janeiro, a linha SNS24 "recebeu mais de 62 mil chamadas" e, desta forma, tem havido a "capacidade de paulatinamente melhorar o atendimento em alguns hospitais".

"Nestas últimas duas semanas e nas próximas duas serão o período mais difícil da gripe sazonal", assume ainda Pizarro.

Manuel Pizarro disse que o Governo está a procurar "criar mecanismos de atendimento alternativo" através dos cuidados de saúde primários, com a abertura e prolongamento de horário de atendimento dos Centros de Saúde.

"Temos de organizar o sistema com mudanças estruturais que são essenciais e criar alternativas para resolver um problema crónico do SNS, que é excesso de afluxo às urgências que existe há décadas e nos deve preocupar", sublinhou.

O governante salientou que está em curso uma "profunda" reforma do SNS, com a criação de 222 Unidades de Saúde Familiar (USF) e 31 novas Unidades Locais de Saúde (ULS), que vão substituir 100 organismos, cujas mudanças "demoram tempo" a ser implantadas.

"É um processo continuado. Estas mudanças não produzem todos os seus resultados no dia seguinte à sua implementação. Precisamos seguramente de meses para conseguir consolidar o modelo que reserve o serviço de urgência para quem dele verdadeiramente necessita", disse o ministro da Saúde.

Salientando que só no último fim de semana mais de 13 mil pessoas foram atendidas nos Centros de Saúde, Manuel Pizarro considerou que a situação nas urgências "teria sido bem mais difícil se isso não tivesse acontecido".

"Os cuidados de saúde primários são a porta certa para se entrar no SNS, no qual podemos e devemos combinar qualidade com proximidade e ter uma articulação virtuosa com os cuidados de nível hospitalar quando isso for necessário", frisou.

Associado a esta ideia, o ministro da Saúde disse que não se pode adiar por mais tempo a reforma dos serviços de urgência, que apelidou de "doença crónica" do SNS, por ter um afluxo "excessivo".

"Em 2022, por cada 100 portugueses houve de 63 episódios de urgência, quando a média dos países mais desenvolvidos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é de 27, menos de metade", sustentou.

Para Manuel Pizarro, este problema não tem "soluções simples" e nem mesmo a falta de médico de famílias para mais de 1,5 milhão de pessoas, sobretudo no sul e vale do Tejo, é responsável pelo grande afluxo aos serviços de urgências, já que o afluxo "é igual no norte, onde toda a gente tem médico de família".

"Se não formos capazes de reestruturar o serviço de urgências para que deixe de ser o ponto de entrada no SNS, não conseguiremos tirar partido do conjunto das nossas políticas, porque um dos problemas seríssimos é a hiperconcentração da atenção e da disponibilidade dos profissionais de saúde nas urgências", disse.

[Notícia atualizada às 15h30]

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