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CEP diz que maioria dos bispos já reuniu com vítimas de abusos

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, disse hoje que a maioria dos bispos católicos portugueses já teve encontros com vítimas de abuso no seio da Igreja.

CEP diz que maioria dos bispos já reuniu com vítimas de abusos
Notícias ao Minuto

17:43 - 16/11/23 por Lusa

País Igreja Católica

Reiterando que a preocupação da Igreja tem sido no sentido "da atenção às vítimas", José Ornelas disse em Fátima, no final da assembleia plenária do episcopado, que "a ninguém vai faltar o apoio necessário para sarar as feridas" provocadas pelos abusos.

Quanto à operacionalização desse apoio, é feito de forma centralizada, passando pelo Grupo VITA, liderado pela psicóloga Rute Agulhas, e pelas Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, "os rostos da Igreja para o contacto" com as pessoas vítimas de abuso, acrescentou o prelado.

Segundo o também bispo de Leiria-Fátima, algumas vítimas estão já a ser acompanhadas, com os tratamentos a serem suportados pela Igreja.

Na Assembleia Plenária da CEP, que decorreu entre segunda-feira e hoje em Fátima, estiveram presentes membros do Grupo VITA e da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas, liderada por José Souto Moura.

"Neste contexto, foi apresentado um Guia de Boas Práticas para o tratamento de casos de abuso sexual de menores e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal elaborado com o contributo das 21 Comissões Diocesanas, da Equipa de Coordenação Nacional e do Grupo VITA, que pretende uniformizar procedimentos e garantir a adequada articulação", anunciou o secretário da CEP, padre Manuel Barbosa.

De acordo com o comunicado final da reunião, "entre os temas deste Guia de Boas Práticas, que foi aprovado e será proximamente divulgado, estão as denúncias apresentadas junto do Grupo VITA e a sua articulação com as Comissões Diocesanas e a Procuradoria-Geral da República, assim como a atuação no apoio psicológico, psiquiátrico e espiritual das vítimas e agressores".

"Este é mais um passo para prosseguirmos, com firmeza, o caminho de acolhimento às vítimas no seu profundo e doloroso sofrimento e um reforço do nosso compromisso de tudo fazer para as ajudar a superar os traumas causados pelas feridas que lhes foram infligidas", acrescentou o comunicado.

Entretanto, José Ornelas assegurou que, em breve, será dada resposta à carta aberta da Associação de Vítimas de Abuso na Igreja em Portugal Coração Silenciado que, em 02 de novembro, manifestou aos bispos católicos portugueses, "tristeza, desagrado e indignação" pela forma como têm "lidado com o tema dos abusos sexuais na Igreja que conduzem".

Na carta, a associação considera que "nove meses depois da apresentação do relatório da comissão criada (...) para o estudo deste tema, (...) muito poucas foram as ações desenvolvidas e as atitudes concretas levadas a cabo".

Recorrendo a um texto recente da Pontifícia Comissão de Proteção de Menores, que expressa "profunda tristeza e inabalável solidariedade, em primeiro lugar, às vítimas e aos sobreviventes de tantos crimes desprezíveis cometidos na Igreja", a Coração Silenciado diz esperar dos bispos "um pedido de perdão humilde e sincero".

Lamentando que, em Portugal, tenha sido a comunicação social a trazer o tema dos abusos para a ordem do dia, "para ser tratado com alguma dignidade, respeito e empenho", a associação das vítimas frisa que todo o abuso "envolve a angústia e a dor de uma terrível traição, não apenas por parte do agressor, mas por parte de uma Igreja incapaz ou mesmo relutante em levar em conta a realidade das suas ações".

Na carta aberta, a Coração Silenciado afirma que "a Igreja Portuguesa viveu num sistema que permitia os abusos e os encobria" e questiona se "a realidade hoje é diferente".

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