"É um facto que o tráfico está a regressar ao bairro da Pasteleira Nova"

A coordenadora do Programa de Consumo Vigiado do Porto, Diana Castro, afirmou hoje que "já é explícito" o regresso do tráfico de droga ao bairro da Pasteleira e defendeu a necessidade de serem encontradas respostas de alojamento para os consumidores.

bairro da Pasteleira

© José Carmo / Global Imagens

Lusa
17/10/2023 19:10 ‧ 17/10/2023 por Lusa

País

Porto

um facto que o tráfico está a regressar ao bairro da Pasteleira Nova, ainda não está nas dimensões e proporções que existia quando a sala abriu, mas neste momento, já é explícito", afirmou Diana Castro.

A coordenadora do programa, que falava à Lusa na sequência do alerta deixado pelos moradores das zonas do bairro da Pasteleira e Pinheiro Torres, disse acreditar que o regresso do tráfico de estupefacientes está relacionado com a saída dos agentes policiais daquela zona.

"Acho que é mais ou menos óbvio estabelecer uma relação de causalidade entre uma coisa e outra", observou.

Diana Castro considerou, no entanto, não ter sido o regresso do tráfico de droga que levou a que vários consumidores se juntassem na envolvente da sala e lá pernoitassem.

"Sabemos, pelos dados que vão sair brevemente, que há muitas pessoas em situação de sem-abrigo e, a maior parte, sem-teto. Temos relatos de utilizadores que dizem que acabam por se juntar num espaço que consideram seguro para se protegerem de situações de violência relacionadas com agressões que ocorrem durante a noite", afirmou, lembrando que esta não é "uma situação nova".

A coordenadora defendeu ser preciso investir na área social, dizendo não existirem na cidade estruturas "capazes de alojar estas pessoas considerando as regras de baixo limiar de que necessitam".

"As respostas de alojamento que existem são de um limiar mais elevado do que estas pessoas conseguem aderir", observou.

À Lusa, Diana Castro salientou que quando o tráfico de droga aumenta, imediatamente aumenta o número de pessoas que procura a sala de consumo assistido.

"Se houve uma altura em março, antes da intervenção policial, em que tivemos uma afluência muito superior à capacidade, neste momento, está outra vez a aumentar a afluência", afirmou a coordenadora, dizendo não estar "em condições de dizer" se já foi ultrapassada a capacidade máxima de resposta da sala.

Para Diana Castro, urge a curto prazo "encontrar, juntamente com a Segurança Social, uma forma concreta de alojar" os consumidores, bem como reforçar este tipo de respostas de saúde pública noutras zonas da cidade.

Em representação das associações de moradores do Bairro dos Músicos, do Bairro Marechal Gomes da Costa, do Bairro das Condominhas e do Jardim Fluvial sem Drogas, Maria Paula Rodrigues alertou os deputados municipais para a degradação das condições de higiene e segurança junto da sala de consumo vigiado.

"O tráfico de droga reinstalou-se", afirmou a moradora durante a sessão potestativa que, dedicada à segurança na cidade, decorreu na segunda-feira à noite.

Segundo Maria Paula Rodrigues, as condições de higiene e segurança junto à sala têm vindo a agravar-se, com "toxicodependentes a amontoarem-se em tendas e no chão no terraço de acesso às instalações".

"Há de novo toxicodependentes a consumir dentro de viaturas", contou, dizendo também que se montou, com tendas improvisadas e guarda-sóis, "um local de consumo não vigiado" no passeio.

Além de toxicodependentes, há também, disse, "vendedores [de droga] nos passeios".

A sala de consumo amovível, instalada na 'Viela dos Mortos', começou a funcionar a 24 de agosto de 2022 sob a gestão, por um período experimental de um ano, do consórcio 'Um Porto Seguro', liderado pela Agência Piaget para o Desenvolvimento.

O último relatório trimestral do Programa de Consumo Vigiado do Porto, consultado pela Lusa, apontava como algumas das limitações à sala de consumo a falta de espaço, o tempo de funcionamento e a necessidade de reforço da equipa técnica para acompanhar situações de psicopatologia.

Desde a abertura da sala, foram admitidos 1.665 utilizadores e realizados 38.148 consumos, mais de metade por via fumada.

Leia Também: Moradores dizem que tráfico de droga se reinstalou na Pasteleira no Porto

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