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Acordo? "Precisamos pôr os interesses da Madeira acima dos partidários"

O presidente do governo regional da Madeira garante que não mentiu quando ameaçou que se demitiria caso não tivesse uma maioria da sua coligação e deixou farpas a André Ventura e ao Chega: "A mim não mete medo nenhum".

Acordo? "Precisamos pôr os interesses da Madeira acima dos partidários"
Notícias ao Minuto

23:59 - 27/09/23 por Hélio Carvalho

Política Eleições Madeira

O presidente do governo regional da Madeira e vencedor das eleições legislativas regionais defendeu, mais uma vez, o acordo entre o PSD e o PAN, apontando, esta quarta-feira, para o papel "reformista" que os sociais-democratas devem ter em matéria ambiental e deixando uma série de críticas bem mordazes contra André Ventura.

Miguel Albuquerque justificou o acordo "natural" com o PAN, um partido que, a nível nacional, tem estado do outro lado da barricada em praticamente todas as questões defendidas pelo PSD à 'Grande Entrevista' da RTP1. Para o líder do PSD da Madeira, o PAN é "um partido que se coaduna com algumas questões fundamentais e prioritárias, que devem ser transversais a todas as forças políticas".

"Sempre gostei da natureza, da biodiversidade, gosto de botânica, e acho que algumas destas causas que muitas vezes passam despercebidas no nosso dia-a-dia são importantes para as futuras gerações. Sou um racionalista, acredito na ciência, e muitas das questões e dos desafios encontrados serão resolvidos através da ciência. Acho que são questões que devem ser colocadas na ordem do dia, na agenda política e devem ser prioritárias para o futuro", afirmou o social-democrata, que considera que o PSD é "reformista" e, portanto, deve ter um programa ambiental adequado, aproveitando para salientar a promoção da reserva integral das Selvagens e o aumento da área protegida no arquipélago.

Ainda assim, embora admita que não concorda "integralmente com todas as questões" colocadas pelo PAN, promete que haverá sempre um "um entendimento e um diálogo permanente" para evitar instabilidade governativa. "Há um conjunto de pressupostos, assinados pelos dois partidos. Agora, isso vai exigir sempre um diálogo e acertos prévios, que serão permanentes no quadro parlamentar", vincou.

Mas Albuquerque destacou que esse diálogo não se circunscreve ao PAN, dando como exemplo as negociações de quatro anos com o CDS-PP, prometendo também que o acordo com o PAN "vai durar" os quatro anos. "Precisamos de pôr os interesses da população, da região, acima dos nossos egos e dos interesses partidários", reafirmou o líder do PSD-Madeira.

Demissão?

Albuquerque foi também questionado sobre a promessa que fez em campanha, na qual garantiu que se demitira caso não obtivesse "esta" maioria absoluta que existe com o PSD e o CDS-PP. O líder do PSD-Madeira não respondeu tacitamente, preferindo apenas admitir que fez pressão sobre o voto da população.

"Disse que não tinha condições de governar caso não tivesse maioria. Vou cumprir a promessa porque vou governar em maioria. Os onze concelhos da Madeira e 52 das 54 freguesias. Também não sou irresponsável e não vou deixar isto de qualquer maneira, num quadro em que é possível a governação", defendeu.

Ventura? "A mim não me intimida nada" 

Sobre a novela política entre a Iniciativa Liberal e a abertura de portas dos liberais a nível nacional, o presidente do governo regional fez questão de sublinhar que o diálogo com a IL "não está excluído e deve ser encetado e cultivado", apesar das críticas de Rui Rocha, mas também deixou um recado a quem pede uma concordância entre o PSD de Luís Montenegro e o PSD de Miguel Albuquerque.

"O Luís [Montenegro] veio aqui para ser solidário connosco, ainda bem que veio. Mas há uma coisa que é óbvia: nós temos autonomia política, o nosso partido tem autonomia funcional na Madeira, até porque a realidade política aqui e nos Açores tem especificidades próprias do ponto de vista política", apontou.

Na sequência das eleições na Madeira, que deixaram a coligação PSD-CDS a um deputado da maioria absoluta. O próprio CDS-PP admitiu que preferia um acordo com a IL. "Foi uma questão de oportunidade política e de consistência das opções que tenho", esclareceu, apontando para divergências em matéria fiscal, especificamente o IVA, para a base da discordância.

Já quanto ao Chega, Miguel Albuquerque não se conteve e atacou diretamente André Ventura, que acusou o líder regional de "trair" a direita portuguesa.

"Adoro essas frases do André Ventura, tem manias que é um papão, que mete muito medo. A mim não mete medo nenhum. Acho que as pessoas de centro-direita em Portugal ficam intimidadas quando ele fala alto. Conheço o André pessoalmente, ele não é nada assim, faz estas cenas para tentar intimidar e ter grandes parangonas na comunicação social, mas o problema dele é que o partido é ele. Na Madeira e em todo o lado. Faz aquelas cenas de falar alto e grosso e a mim não me intimida nada", atirou.

Sugeriu ainda que o PSD devia fazer um cordão sanitário ao Chega a nível nacional e "demarcar-se", comparando o partido de extrema-direita ao Vox e apontando para o risco demonstrado no crescimento de regimes populistas pela Europa.

"Penso que está perfeitamente claro que Montenegro não vai fazer acordos com o Chega, nem tem de fazer. Não devemos alimentar o crocodilo na esperança de não sermos comidos em último lugar", disse o presidente do governo regional.

Leia Também: "Não é não". Montenegro exclui Chega de "acordo político de governação"

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