Nos próximos dias 23 e 24 de agosto, irá ocorrer, "pela primeira vez no nosso país", uma greve nacional de médicos internos, anunciou esta sexta-feira o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Em comunicado, a estrutura sindicalista defende, como principais razões para esse protesto, uma revisão da grelha salarial, "considerando os baixos salários, correspondentes, em termos líquidos, a cerca de 7,66 €/hora".
Também é pedido o "internato médico como o primeiro patamar da carreira médica", uma vez que "a formação médica pós-graduada tem uma duração entre 5 a 7 anos (internos da formação geral e da especialidade), correspondente a trabalho efetivo, devendo ser valorizada para efeitos de progressão da carreira".
Da lista de reivindicações do SIM consta ainda o pagamento de formações complementares, já que "60% dos internos (segundo resultados de inquérito SIM) referem gastar mais 1.000€ por ano na sua formação, não obstante a obrigação legal do Estado/SNS em assegurá-la"; bem como o "reconhecimento da importância dos médicos internos, valorizando e dando visibilidade à sua atividade médica".
"Os médicos internos representam um terço dos médicos do SNS, trabalham 40 horas por semana, fazem horas extra (remuneradas e não remuneradas), sendo nalguns casos escalados como especialistas. Pagam a sua especialidade com tempo e dinheiro pessoais que usam para formação e produção científica", defende ainda o SIM, que reivindica ainda um apoio e valorização de "todos os orientadores de formação de todas as áreas de exercício profissional".
Isto porque estes, "para além dos elementos da medicina geral familiar no modelo USF-B", usam "de forma gratuita e altruísta [...] o seu tempo pessoal para formar, orientar e rever a produção científica dos médicos internos, e explicitar no seu horário semanal tempo afeto a essa atividade formativa".
A classe médica tem realizado várias greves nos últimos meses, reivindicando uma melhoria das condições de trabalho e das grelhas salariais. Até 22 de agosto, está em vigor uma outra greve organizada pelo SIM, desta feita uma paralisação total (iniciada a 24 de julho) à prestação de trabalho suplementar, vulgo trabalho extraordinário, nos Cuidados de Saúde Primários (CSP).
Leia Também: Grelha salarial? SIM espera que "ministro da Saúde cumpra o que disse"