Grelha salarial? SIM espera que "ministro da Saúde cumpra o que disse"
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, disse esperar, para este segundo dia de greve nacional destes profissionais, uma adesão "muito próxima daquilo que aconteceu ontem".
© Artur Machado/Global Imagens
País SIM
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, disse esta quarta-feira, em declarações à RTP, esperar que o "ministro da Saúde cumpra o que disse" relativamente à proposta de revisão da grelha salarial dos médicos, dizendo desejar que a mesma seja "séria".
As declarações surgem depois de, na terça-feira, o ministro Manuel Pizarro ter garantido que a proposta seria enviada esta quarta-feira aos sindicatos representantes da classe.
"Estamos há cerca de 14 meses neste processo negocial, sendo fundamental que existam propostas e contrapropostas", argumentou hoje Jorge Roque da Cunha.
O representante do SIM disse ainda ser "importante que as pessoas percebam que um médico especialista aufere cerca de 1.800 euros líquidos" e que "existe o compromisso, há já um ano, por parte do Ministério da Saúde, de apresentar essa proposta - bem como a proposta da organização das urgências e da dedicação plena".
E vaticinou, explicando aquela que argumentou ser "uma das razões para este protesto": "Nós esperamos que isso aconteça, já que não aconteceu até agora".
Sobre aquele que será já o segundo dia de uma greve nacional de médicos, convocada precisamente pelo SIM, a "expetativa" passa pela existência de uma adesão "muito próxima daquilo que aconteceu ontem" - que, segundo dados divulgados pelo sindicato, rondou os 90% no primeiro dia.
E explicou: "Há uma grande insatisfação dos médicos, perfeitamente justificada. Nós temos tido a maior paciência do mundo, e os médicos não veem alterações nos seus salários há mais de 12 meses".
Jorge Roque da Cunha atribuiu ainda ao Governo a "responsabilidade" pelo atual estado do SNS (Serviço Nacional de Saúde). "Verifica-se que, dada a falta de investimento, há cerca de 1,6 milhões de portugueses sem médico de família, nunca como agora as listas de espera foram tão extensas, e nunca como agora os portugueses tiveram de despender tanto dinheiro do seu bolso para aceder às consultas e às cirurgias", elaborou ainda.
"No último ano, não fizemos greves, não usámos este instrumento que nós, médicos, não desejamos. Por isso, [a resolução da situação] está nas mãos do senhor ministro da Saúde", concluiu Roque da Cunha.
O secretário-geral explicou ainda que o sindicato irá entregar esta quarta-feira, pelas 16 horas, "junto da residência do senhor primeiro-ministro, uma carta a apelar para que haja um mínimo de sensibilidade, em particular para com as pessoas que não têm, nem seguros de saúde, nem ADSE, nem outro tipo de coberturas - e, também, "para que faça com que o senhor ministro da Saúde crie condições para chegar a um acordo com os médicos".
De recordar que os médicos iniciaram na terça-feira uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos.
Convocada pelo SIM, a paralisação decorre em simultâneo com uma greve dos médicos de família ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira e que terá a duração de um mês.
[Notícia atualizada às 08h56]
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