Dois cães da raça pastor-alemão foram encontrados numa “situação de insalubridade e magreza extrema”, na passada quinta-feira, em Loures. O caso tomou outros contornos quando os elementos do grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA) verificaram que se tratava de uma consequência da “situação de fragilidade económica, distúrbio cognitivo e miséria humana” que afetava a dona dos animais, alegadamente originada pela morte do filho.

Através das redes sociais, a organização explicou que os cães estavam “num espaço repleto de dejetos, com uma condição corporal de caquexia extrema, repletos de pulgas, sem alimentação nem abeberamento”, pelo que “foi solicitada a presença da patrulha da 76.ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública, por configurar um potencial crime de maus-tratos a animais de companhia”.

Contudo, a detentora dos animais “não possuía alimentação para si própria, tendo a sua última refeição sido duas salsichas apenas”.

“A decisão de garantir o bem-estar destes animais foi inequívoca, mas também serão acionados os meios sociais para garantir o bem-estar da senhora. O declínio psíquico e económico, segundo a senhora, deveu-se à morte do seu filho num acidente de viação”, esclareceu o coletivo.

Nessa linha, as autoridades terão notificado o caso às instituições sociais competentes, tendo o IRA organizado uma angariação de fundos para a entrega de “bens de primeira necessidade, como alimentação e produtos de higiene”, realizada no dia seguinte. A organização comprometeu-se ainda a “deixar alimentos e produtos de higiene semanalmente, desde que a senhora cumpra religiosamente as indicações que lhe foram dadas, até ser assegurada pelos organismos competentes do Estado”.

“Ainda que a senhora não tenha as condições cognitivas e sociais para garantir o bem-estar dos seus animais, deveria recorrer-se aos meios existentes para pedir ajuda, tendo referindo que não o fez por vergonha e desconhecimento. Ao invés disso, considerou sempre providenciar o necessário para garantir o bem-estar dos mesmos, revelando-se inequivocamente o contrário. Somente a denúncia e a nossa intervenção evitaram uma tragédia”, alertou a entidade.

Os dois animais, identificados como Fizz e Solero, foram encaminhados para um hospital veterinário “devido à sua magreza, fraqueza, despiste de doenças e exames de clínica geral”. Os patudos deram negativo a doenças infecto contagiosas, sendo que a causa para a sua magreza extrema é a má nutrição, provocada pela ausência de alimentação.

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