'Babel', 'Gota d’água', 'Limpeza Profunda II', 'Madrugadas Brancas'… Estes são apenas alguns dos nomes originais que a autoridades deram a casos judiciais nos últimos tempos e que ficaram no ouvido de muitos portugueses.
Mas a criatividade das forças de segurança portuguesa na hora de escolher o nome de código das suas operações não é de agora. Da 'Operação Marquês', que envolvia o antigo primeiro-ministro José Sócrates (cujo apartamento era nesta zona de Lisboa), à 'Operação Tupperware' (cujo 'modus operandi' passava por esconder droga em caixas de plástico que posteriormente eram enterradas na areia), são muitos os casos que, ao longo dos anos, nos chamaram a atenção.
Contudo, ao contrário do que se poderia pensar, não há nenhum criativo nas forças policiais portuguesas especialmente destacado para esta tarefa. É aos elementos envolvidos nas investigações que cabe a (grande) responsabilidade de atribuir a cada um dos casos um nome, como revelou a Guarda Nacional Republicana (GNR) ao Notícias ao Minuto.
"Os nomes das operações internas são definidas pelo Comando Operacional, responsável pelo seu planeamento ou pelo comandante das operações a nível tático", contou a Major Mafalda Gomes de Almeida, acrescentando que "nas operações externas, a atribuição dos nomes é determinada ou definida pelas entidades com quem a GNR coopera a nível nacional ou internacional".
O mesmo acontece nas investigações que envolvem a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Polícia Judiciária (PJ) e a ASAE.
Por norma, como realça a major, a atribuição dos nomes "está associada à temática da operação", mas em código, o que permite que se fale dessa operação sem ser necessário revelar pormenores que a pudessem colocar em perigo, uma vez que as escolhas não são óbvias.
Recordemos então algumas das operações com os nomes mais criativos alguma vez dados em Portugal:
'Guns’n’Roses' e 'Carta Fora do Baralho'
A 'Operação Guns’n’Roses' remonta a outubro de 2011 e relacionava-se com a apreensão de armas, já a 'Carta Fora do Baralho' remonta a maio de 2011 e tem a ver com o desvio de correspondência.
'Operação Fénix'
Já a 'Operação Fénix' remonta a 2014, altura em que a PSP desmantelou um gangue da noite que tinha sido desativado e reapareceu tal como a ave da mitologia grega que renasceu nas cinzas.
'Operação e-toupeira'
Remonta a 2018 e investigava supostos subornos oferecidos a funcionários judiciais para a obtenção de informação nos processos relacionados com o 'caso dos e-mails'. O 'e' é uma referência ao digital, o toupeira é um nome código para infiltrado.
'Banana Mix'
Em 2009, a PJ desmantelou um grupo transnacional que se dedicava ao tráfico de cocaína. A droga, que vinha da América do Sul, era introduzida em Portugal dissimulada em paletes de banana e mandioca.
'Remédio Santo'
Esta operação remonta a 2014 e está relacionada com uma burla ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) em mais de 3 milhões de euros, realizada por 18 pessoas, entre as quais médicos, farmacêuticos, delegados de informação médica e empresários.
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