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"Destruiu-nos". Pais de bebé que morreu no Algarve criticam hospital

Deza Powell e Paul Larochelle, de 45 anos, exigem respostas por parte das autoridades de saúde portuguesas na sequência da morte do filho, Adonis, criticando o atraso na transferência do bebé para uma unidade de cuidados intensivos com maior capacidade de resposta.

"Destruiu-nos". Pais de bebé que morreu no Algarve criticam hospital
Notícias ao Minuto

16:34 - 05/06/23 por Notícias ao Minuto

País Algarve

Os pais do bebé britânico de 10 meses que perdeu a vida a 19 de maio, no Algarve, onde passava férias com a família, teceram duras críticas contra os serviços de saúde portugueses, tendo confessado que as suas vidas ficaram ‘destruídas’. Adonis morreu 48 horas depois de ter dado entrada pela primeira vez no Hospital de Portimão, alegadamente enquanto aguardava transferência para outra unidade hospitalar.

"Alguém tem de ser responsabilizado pelo que aconteceu. O meu filho foi tratado da pior forma, sem dignidade. É a falta de responsabilidade, a falta de empatia, a falta de compaixão", disse a mãe do menino, em declarações ao jornal britânico The Guardian.

Deza Powell e Paul Larochelle, de 45 anos, exigem respostas por parte das autoridades de saúde portuguesas na sequência da morte do filho, Adonis, criticando o atraso na transferência do bebé para uma unidade de cuidados intensivos com maior capacidade de resposta. O bebé acabou por morrer dois dias depois de ter sido visto no Hospital de Portimão, de septicemia, uma infeção generalizada.

"Estou determinada a fazer com que isto não seja varrido para debaixo do tapete, e estou determinada a fazer com que mais nenhum pai tenha de enfrentar esta dor. Isto destruiu-nos. Não sei como é que vamos seguir em frente. Não sei se conseguirei ir de férias novamente com as crianças. É como se tempo nos tivesse parado. Não desejaria isto ao meu pior inimigo", complementou Powell.

O casal de Londres levou Adonis ao Hospital de Portimão a 17 de maio, no segundo dia de férias no Algarve, depois de a criança ter ficado febril e com dificuldades em respirar. Nessa altura, indicaram-lhe que o bebé teria apenas uma bronquiolite, pelo que foi mandada para casa com ibuprofen, paracetamol e uma bomba para a asma.

Se no dia seguinte Adonis parecia ter melhorado, na manhã de sexta-feira o estado de saúde do bebé piorou.

"De manhã, levantei-o e estava mole. O olho esquerdo estava inchado. Mas mesmo nessa manhã, comeu um iogurte e bebeu água", detalhou Powell.

O casal regressou ao hospital com o bebé, onde o menino foi alvo de mais testes. Contudo, a mãe da criança criticou a atuação daquela unidade de saúde, que acusou de não ter agido de forma rápida, nem de lhe ter explicado o que estava a acontecer.

"Disseram que os pulmões tinham colapsado e isso foi a última coisa que soube, desde as 14h00 às 19h00. Fomos deixados num corredor. Estava a tentar perceber o que se estava a passar pelas caras das enfermeiras e estavam todas a chorar", recordou.

Enquanto aguardavam por um helicóptero para transferir Adonis para o Hospital de Faro, que demorou cerca de três horas, os pais do menino revelaram que um profissional de saúde os informou que a criança tinha deixado de respirar, mas que "estavam a cuidar dele" e a fazer "o melhor que podiam". "Depois, outra médica apareceu e disse: 'Ressuscitámo-lo'", e voltou a sair. Por isso comecei a rezar, rezar, rezar, rezar", acrescentou.

Pouco depois, foi-lhes dada a notícia da morte de Adonis.

"Estava a gritar tanto que tive de ser sedada, e Paul foi primeiro do que eu, porque não estava pronta para o ver", confessou Powell, lembrando o momento em que lhe disseram que podia ver o filho.

"Para mim, o pior, e nunca o esquecerei, é a rigidez do corpo. E o peito dele estava todo queimado [pela desfribilação]. Queria sair do quarto porque não queria que Deza se apercebesse do que me apercebi, que o corpo do bebé estava a mudar à minha frente. O corpo dele estava muito frio", disse Larochelle, em lágrimas.

O corpo de Adonis foi trasladado para o Reino Unido na terça-feira passada. Os pais aguardam, agora, uma segunda autópsia e a abertura de um inquérito ao caso, que também está a ser investigado em Portugal. Segundo o The Guardian, a família está a ter dificuldade no acesso a documentos legais por parte das autoridades portuguesas, tendo lançado uma campanha de angariação de fundos através da plataforma GoFundMe, para pagar um representante legal e descobrir o que aconteceu.

"Estamos a ler [na imprensa] ao mesmo tempo do que toda a gente o que aconteceu ao nosso filho e é a pior coisa que poderíamos imaginar. Ninguém nos disse nada", acusou Powell, apontando que a família não recebeu "um pedido de desculpas por parte de ninguém".

"Até mesmo um pedido de desculpas agora seria demasiado tarde", atirou.

De acordo com o The Guardian, o Ministério da Saúde português "lamentou profundamente o desfecho deste caso" e enviou "condolências" à família. No entanto, assegurou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "prestou os cuidados pediátricos adequados" ao bebé, mas "não foi possível inverter o agravamento da situação clínica". Detalhou, além disso, que "estão a decorrer investigações aos procedimentos adotados".

O Notícias ao Minuto questionou o Ministério da Saúde sobre o tema mas, até ao momento, não obteve resposta.

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