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Contraofensiva atrasada? "Futuro da própria Ucrânia" poderá estar em jogo

Milhazes recordou que existe ainda "o receio de que os países ocidentais [levem] a Ucrânia a conversações com a Rússia, segundo o princípio de trocar a paz pelo território já ocupado", realçando que "em cima da mesa está tudo, praticamente".

Contraofensiva atrasada? "Futuro da própria Ucrânia" poderá estar em jogo

O historiador e jornalista José Milhazes considerou, no domingo, que o atraso da contraofensiva ucraniana é meramente estratégico, uma vez que “o futuro da própria Ucrânia” poderá estar em jogo. O comentador equacionou, contudo, que Kyiv poderá estar a preparar “várias pequenas ofensivas”, ressalvando que “a Rússia não vai ficar parada”.

O segredo é a alma do negócio, neste caso. Devemos ter em conta que, desta ofensiva, que poderá ser constituída por várias pequenas ofensivas, pode depender em grande parte o futuro da própria Ucrânia. Porque se a Ucrânia vier a ser confrontada com uma contraofensiva russa que não permita o avanço das tropas ucranianas, e a Ucrânia perder terreno, será, do ponto de vista moral para os ucranianos, muito complexo”, começou por dizer José Milhazes, em declarações à SIC Notícias.

O jornalista recordou que existe ainda “o receio de que os países ocidentais [levem] a Ucrânia a conversações com a Rússia, segundo o princípio de trocar a paz pelo território já ocupado”, realçando que “em cima da mesa está tudo, praticamente”.

É por isso que, na sua ótica, o regime do presidente Volodymyr Zelensky está a apostar na “preparação”, que “tem de ser muito minuciosa e tem de ser uma surpresa total”.

Nem sequer podemos imaginar onde é que poderá começar”, disse, ainda que tenha considerado como prioridade “cortar o corretor terrestre que liga a Rússia à Crimeia” ou “ocupar a região de Zaporíjia”, além de “avançar em Kherson, e até em Bakhmut”.

Na verdade, Milhazes apontou que tudo não passará de um atraso estratégico, “porque os armamentos que foram prometidos já estão na Ucrânia”.

Ainda assim, o historiador salientou que “os russos estão, certamente, atentos também à movimentação das tropas ucranianas, mas as tropas ucranianas fazem tudo para que o inimigo não consiga saber dos planos até à última”.

O jornalista não deixou de assinalar os ataques por parte das forças russas levados a cabo em Kyiv, na noite de sábado para domingo e na manhã de segunda-feira, que são "um sinal de que a Rússia tenta adiar esta ofensiva ucraniana”.

“A Rússia vai fazer todos os possíveis para provocar estragos na retaguarda ucraniana”, complementou.

E prosseguiu: “Em princípio, a situação vai desenvolver-se no sentido de aumentar os combates, também há alguns que dizem que tem havido alguns atrasos devido a problemas dos terrenos, por estarem ainda húmidos. Penso que as ofensivas ucranianas estão para breve, mas nunca nos devemos esquecer que a Rússia não vai ficar parada e tentará, certamente, responder de forma a travar qualquer tipo de avanço.”

Questionado quanto a se esta contraofensiva poderá ditar o prolongamento do conflito, Milhazes foi taxativo, indicando que “dependerá de qual será o êxito dos ucranianos”.

“Os ucranianos têm travado o avanço, primeiro, e segundo, quando recuam, recuam muito pouco e muito devagarinho, daí que a Rússia esteja com grandes dificuldades em avançar. Agora, o que importa à Ucrânia é não só parar a Rússia, mas também fazê-la recuar dos territórios ocupados. Essa é que é a grande tarefa e seria uma vitória para a Ucrânia”, rematou.

De notar que a data da contraofensiva ucraniana permanece suspensa porque, de acordo com o chefe de Estado daquele país, morreria “muita gente”, o que este qualificou como “inaceitável”.

Ainda precisamos de um pouco mais de tempo”, disse, em meados de maio, numa entrevista a várias emissoras de televisão.

O responsável assegurou, no entanto, que as tropas ucranianas estavam “prontas”, ainda que aguardassem por “algumas coisas”, como veículos blindados prometidos pelos aliados.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.895 civis desde o início da guerra e 15.117 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Instalações militares atingidas em novos ataques russos na Ucrânia

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